O lamento das águas no seu dia mundial – Alexandre Sylvio

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Mais um dia mundial da água. Mais um dia de comemorações, eventos, palestras, cursos, ações de conscientizações e centenas de outros eventos, inclusive na Bacia do Rio Doce, onde além de todos os problemas que já existiam até novembro de 2015, mais um surgiu para agravar ainda mais a situação que foi o rompimento da barragem de Samarco. Mas, o que podemos avaliar da evolução das ações na bacia do Rio Doce ao longo dos últimos 12 meses, desde o último dia mundial da água em 2016? Muito pouco. Até mesmo a Samarco que causou uma das maiores tragédias ambientais do Brasil há aproximadamente 18 meses tem apresentado ações muito lentas em relação à correção dos danos ambientais causados por ela. E as demais empresas que continuam agredindo o Rio Doce e seus afluentes, mesmo respeitando as leis ambientais brasileiras? Atualmente elas estão pagando pelo uso da água considerando os comitês de bacias já atuantes na região, mas poderiam ser mais participativas e atuantes. São empresas que tem lucratividade na casa das centenas de milhões de dólares e algumas até mesmo de alguns bilhões de dólares. Com todos estes lucros de números incalculáveis enviados para o exterior, sabendo-se que a grande maioria delas são multinacionais ou compostas de capital misto, poderiam ser cobradas de forma mais efetiva em relação à preservação ambiental das regiões que exploram. Não sou contra e entrada de empresas estrangeiras no país mais elas devem ser cobradas de forma mais intensiva considerando que boa parte dos seus lucros está enriquecendo os seus países de origem. Analisando de forma simples, podemos comparar estes modelos de exploração aos que ocorriam na época do Brasil colonial, adaptados aos tempos modernos.

E os municípios que despejam seus esgotos nos rios da bacia? Por lei as cidades já deveriam ter suas estações de tratamento de esgoto sujeitas as penalizações de improbidade dos prefeitos. Mas, onde estão? Algumas cidades da bacia já são efetivas no tratamento, mas a maioria ainda não. E quem cobra? Estão sempre empurrando com a barriga para os próximos gestores.

Comemoração do dia mundial da água? Se avaliarmos os últimos meses, não temos muitos motivos para comemorar. Temos sim ações isoladas de recuperação muito importantes, mas incipientes considerando o tamanho da bacia e o seu grau de degradação. Vamos acompanhar os próximos meses e ver se teremos verdadeiramente motivos para comemorar o próximo dia mundial da água em março de 2018.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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