Acabou-se o tempo em que o gestor público falava em seu discurso: “Vou fazer, vou criar, vou…”. Os gestores perceberam que eles não fazem nada sozinhos sem estarem amparados por uma equipe séria e qualificada e o apoio popular. Digo isto por experiência. Na Universidade tenho reuniões periódicas com alunos bolsistas e estagiários e realizo encontros chamados de “tempestade de ideias”. Nesta reunião eles expõem seus pensamentos e raciocínio lógico e o meu papel passa a ser de coordenar e filtrar as ideias. E das várias ideias expostas surgem linhas de raciocínio interessantes que aplicamos em nossas pesquisas. Oscar Niemeyer idealizou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói desenhando em um guardanapo, tomando um chopp em um boteco, sentado na orla da praia. As ideias surgem assim, de conversas e diálogos com as pessoas e suas experiências pessoais.
Quando falamos de gestão ambiental em um município ou região parece simples, afinal, basta reflorestar para recuperarmos os solos e as nascentes, aumentando a quantidade e a qualidade das águas dos rios e o retorno dos animais silvestres, mas o processo é mais complexo do que parece. Toda a logística é ampla, desde a definição das espécies sucessórias, os recursos financeiros, a participação das pessoas das zonas urbana e rural e de instituições públicas e privadas. Com o início das discussões devemos organizar as ideias, definir etapas de planejamento, calcular os investimentos necessários e, finalmente, chegando a parte mais difícil do programa: iniciar a sua execução e acompanhamento do processo. Deve-se evitar que aconteça o mesmo que ocorre com a maioria dos projetos em nosso país que são iniciados, mas não concluídos, com desgaste dos gestores e muitas vezes, dinheiro jogado no ralo.
Este é o papel do verdadeiro gestor: saber ouvir, saber organizar e saber conduzir as atividades em parceria com os membros de sua gestão e com a sociedade. Apesar da crise que o país atravessa, sabemos que recursos existem, afinal fazemos parte da sociedade que mais paga impostos no mundo. Com a integração e o diálogo do setor público, o setor privado e a sociedade, com certeza teríamos uma melhor situação ambiental, social e econômica que promoveria o nosso desenvolvimento. As soluções dos nossos problemas não estão nos gabinetes, mas na sociedade organizada.
Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?
– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;
– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br