“Moço, achei que ia morrer. Depois de alguns dias, não aguentava nem andar. As pessoas que trabalham comigo é que me salvaram, me levaram para o hospital.” O drama é do garimpeiro Marco Antônio Soares, de 39 anos, uma das seis pessoas que contraíram malária do garimpo de Areinha, no município de Diamantina (Vale do Jequitinhonha). O surto, confirmado em 19 de dezembro por autoridades sanitárias e revelado ontem, levou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a tomar medidas preventivas e a emitir alerta para 10 cidades da região.
Marco Antônio, que afirma ter sofrido com dores, espasmos e sensação de fraqueza, era uma das poucas pessoas que permaneciam ontem no garimpo de Areinha, local de trabalho de quase dois mil garimpeiros em busca de ouro e diamantes. Ontem, a reportagem do EM encontrou a área praticamente vazia. “Essa época de chuvas já não é muito boa e, depois de ter aparecido essa doença, não ficou mais quase ninguém aqui”, conta o garimpeiro.
O caso de Marco Antônio, tratado pela SES como autóctone (infecção no local de manifestação da doença), reforça que a transmissão ocorreu em Areinha: o garimpeiro afirma não ter saído de lá. “Estou aqui em Areinha vai fazer cinco anos e nunca saí daqui. Nunca saí de Minas” diz. E completa: “Essa doença é do mato mesmo. Estamos entrando no mato demais e encontrando as coisas que existem lá”, opina.
Além das pessoas que tiveram confirmação de malária – todos os doentes estão sendo tratados e já receberam alta da Santa Casa de Misericórdia de Diamantina –, a Secretaria de Estado de Saúde afirma que faz “busca ativa” por mais pessoas picadas pelo mosquito Anopheles darlingi e infectadas pelo protozoário Plasmodium vivax, mas até ontem não havia confirmado outros casos suspeitos. No garimpo de Areinha, porém, a informação é de que várias pessoas passaram dias com os sintomas parecidos aos da malária. Elas recebem três tipos de medicamento contra a doença como forma de precaução.
Uma delas é a garimpeira Antônia Soares, de 29 anos, que vive com o marido em um barracão à beira do rio. “Senti febre, dor de cabeça, dor de garganta, falta de forças. Estava muito desanimada, querendo só cama, sentindo muitos calafrios e sem conseguir fazer nada”, conta Antônia. Ela vive há um ano e seis meses no local e, a exemplo de Marco Antônio, afirma que não deixou a área. “Nunca saí daqui não. Sou de Diamantina mesmo”, diz.
Além da busca por casos, técnicos da SES borrifam as casas da região para evitar que o mosquito Anopheles se reproduza. “O problema é que não podem fazer muito mais. Nas catas (lavras abertas no leito e nas margens do Jequitinhonha para a garimpagem de ouro e diamantes) não podem borrifar o veneno por causa dos peixes”, avalia a garimpeira Antônia Soares. Além da borrifação, a Secretaria de Estado de Saúde informou que profissionais de saúde dos municípios vizinhos estão sendo capacitados para o diagnóstico da malária. Medicamentos, kits diagnóstico e insumos para o tratamento estão sendo enviados, bem como material informativo.
Garimpeiro Marco Antônio Soares achou que ia morrer (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Carnaval
A Prefeitura de Diamantina reforçou que os casos de malária identificados no garimpo de Areinhas, a cerca de 70 quilômetros do Centro da cidade, não põem turistas em risco – a cidade se prepara para receber muitos visitantes durante o carnaval. Após reunião na manhã de ontem, em que foram apresentados resultados de estudos feitos pelo Ministério da Saúde, o secretário municipal de Saúde, Rogério Geraldo Pontes, afirmou, por meio de nota, que os casos confirmados são “ocorrências pontuais”. Ele ressaltou, porém, a “necessidade de vigilância contínua e ações de controle que já estão sendo desenvolvidas”.
Também por meio de nota, o prefeito de Diamantina, Juscelino Brasiliano Roque (PMDB), afirma que “a prioridade é focar no combate, acompanhamento e prevenção da doença e não nas especulações que podem trazer mais prejuízos para Diamantina e região, já que a cidade depende e muito da manutenção da atividade garimpeira e do turismo”.
Antes dos seis casos de Areinhas, Minas havia registrado apenas um caso autóctone da doença em 2016, em Simonésia, na Zona da Mata. Em 2015, um paciente ficou doente em Lima Duarte, também na Zona da Mata. O último caso tratado em Diamantina foi em 2012, de um paciente não contaminado no estado, segundo o Datasus. No ano passado, Minas registrou ainda 46 casos importados de malária. Em 2015, foram 38.
Não é preciso deixar de ir a Diamantina
“Não é preciso deixar de ir a Diamantina. O momento é de manter o alerta, a vigilância e de tomar providências para evitar que a região de Diamantina se torne endêmica para a malária, o que seria uma preocupação a mais de saúde pública para Minas. A ocorrência desses seis casos é uma situação que exige extrema atenção. As autoridades de saúde devem continuar com as medidas de controle que vêm sendo tomadas, mapear bem a área de infecção para evitar novos casos e eliminar completamente o vetor. Nos centros urbanos é mais difícil que haja transmissão porque o parasita que causa malária se concentra em áreas rurais, de mata. Não é preciso deixar de ir a Diamantina, mas o alerta deve ser mantido porque o parasita também consegue se manter em ambientes urbanos. Até o momento, não há elementos que exijam alarde, mas devemos acompanhar a evolução dos pacientes já medicados e se vai ou não haver novos casos”, diz o especialista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia.
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(Fonte: Estado de Minas)
Eu faço defumação antiga, em meu apartamento, contra pernilongos e outros inconvenientes insetos, com ____estrume secos de boi e folhas secas de eucalipto.
Não entram mosquito.
O óleo de eucalipto, jogo nos ralos de banheiro e cozinha.
Matam insetos.