Diamantina cancela tradicional réveillon e outras cidades mineiras cortam gastos com as festas de fim de ano

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As festas de Natal e Ano Novo serão mais modestas em cidades mineiras, de acordo com algumas prefeituras. Dificuldades financeiras levaram, inclusive, ao cancelamento das comemorações em Diamantina, conhecida cidade histórica.

Localizada no Vale do Jequitinhonha, o município não vai realizar o tradicional réveillon, batizado de Virada Real, de acordo com a Prefeitura de Diamantina. A festa que atraia turistas para shows e queimas de fogos foi um dos cortes para conseguir terminar o ano com as contas em dia.

“O momento de repasse das contas na mudança de gestão, a crise financeira e falta de captação pela Lei Rouanet tornaram inviável a realização da festa. Atualmente, a preocupação é com a folha de pagamento e 13º salário”, disse o diretor de Ação Cultural da prefeitura, Ricardo Luizz. Segundo ele, a prefeitura vai terminar 2016 com tudo quitado, sem dívida para a próxima gestão.

Segundo o diretor, a festa levava entre 10 e 15 mil pessoas à Praça do Mercado Velho. No alto das Serras dos Cristais, o público se reunia para a queima de fogos.

Neste ano, não houve patrocínio para iluminar a cidade. “Diamantina está apagada, é o primeiro ano”, disse Luizz. Contudo, alguns apoios permitiram promover apresentações de coral e orquestra na Catedral Metropolitana. Com esta ajuda, a prefeitura “enxugou” os gastos e investiu cerca de R$ 15 mil, conforme o diretor.

Na também histórica Ouro Preto, a cerca de 90 quilômetros de Belo Horizonte, a prefeitura não vai apoiar com iluminação, palco e banheiros as comemorações em distritos. “Neste ano, por ser um período de transição de governo, os contratos com os fornecedores já foram encerrados e não haverá este apoio, pois a administração está fechando as contas para encerrar o mandato e fazer a transferência para o novo prefeito sem déficits”, informou a prefeitura.

Ainda segundo a administração municipal não serão realizados eventos de Natal. Em 2015, também não houve investimentos municipais para a data.

Em Mariana, não há comemorações no centro histórico. Na cidade, que ficou marcada pelo desastre com a barragem da Samarco, em 2015, o réveillon é promovido pela prefeitura no distrito Furquim. A localidade fica a cerca de 30 quilômetros da sede de Mariana. Tradicionalmente, a comunidade se reúne na praça principal.

A administração municipal diz que foi preciso reduzir os gastos e a programação, que ainda não foi fechada. O investimento informado é de R$ 38,5 mil, isto é, 30% a menos que em 2015, quando foram gastos R$ 55 mil.

“A administração municipal realizou diversos ajustes e adotou medidas de contenção no decorrer do ano para que isso não ocorresse em dezembro. Mesmo com todo o difícil cenário vivido atualmente, a prefeitura vai fechar o ano com as contas em dia”, informou em nota.

Os gastos com decoração natalina foram 70% menor, conforme a prefeitura. Houve apoio da Fundação Renova, criada para implementar e gerir os programas de reparação, restauração e reconstrução das regiões impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão. A programação recebe o nome de “Natal de Luz”, com visita à casa do Papai Noel, shows e oficinas.

Vista de Diamantina (Foto: Erildo Antônio Nascimento de Jesus/Arquivo Pessoal)

Entorno de Belo Horizonte

Em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a programação também foi cortada, assim como ano anterior. De acordo com a assessoria da prefeitura, não é possível gastar recursos com eventos, diante de prioridades como as áreas de saúde e educação.

O município vai fechar o ano “no vermelho”, com uma dívida de R$ 126 milhões relativa ao pagamento da folha do funcionalismo e fornecedores, segundo o Executivo. Ainda conforme a prefeitura, a decoração de Natal não contou com recursos municipais e foi paga pela iniciativa privada.

Betim, também na Grande BH, não tem a tradição de promover festas no fim de ano e a prefeitura afirma, que por questões financeiras, nem teria condições de realizar. Ainda segundo o município, uma resolução impede investimentos não planejados.

Os esforços são para fechar o ano sem dívidas. “A Prefeitura de Betim, por meio da Secretaria Municipal da Fazenda, informa que, no momento, ainda não é possível informar sobre valores em relação ao fechamento do ano. Porém, a previsão é fechar 2016 sem déficit”, diz nota.

Haverá decoração de Natal, com 220 mil lâmpadas de led instaladas em pontos importantes da cidade, como o Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo, a Casa da Cultura Josephina Bento, a praça Tiradentes e as igrejas Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário. A prefeitura não informou o valor do investimento e ressaltou que foi estipulado um limite de gasto pela Junta de Execução Orçamentária e Financeira (JEOF), em virtude da crise econômica enfrentada pelo município.

Em Belo Horizonte, a prefeitura não promove um réveillon oficial da cidade, mas dá apoio operacional às festas abertas que tradicionalmente ocorrem na Lagoa da Pampulha e na Praça da Estação.

No Sul de Minas

Para contornar a falta de verbas, muitas cidades do Sul de Minas optaram por cortar gastos com as festas de Natal e Ano Novo e buscar parcerias com associações comerciais para a realização dos eventos. Mesmo assim, em alguns municípios, as comemorações tiveram que ser cortadas.

Poços de Caldas, maior cidade da região, gastou R$ 1 milhão em 2016 e R$ 800 mil agora – uma redução de 20%. A cidade vai contar com programação de Natal, com diversos shows e apresentações culturais, mas cortou também o show de Ano Novo. A virada vai ter apenas queima de fogos, com duração de oito minutos.

Em Pouso Alegre, a prefeitura não fez nenhum investimento – assim como em 2015. A decoração de Natal feita na praça central da cidade foi feita pela Associação Comercial.

Em Varginha, os enfeites também foram reaproveitados a fim de reduzir gastos, no entanto a prefeitura não informou os valores. O município vai contar com uma ‘cidade natalina’ na região central, com decoração seguindo o tema “Um Natal de Sonhos”. Os shows e eventos de fim de ano foram mantidos, assim como o tradicional Réveillon na Mina.

Em Passos, a prefeitura reutilizou a iluminação e decoração de 2015. Também houve corte no orçamento, mas não foram informados os valores.

Em Três Corações, a prefeitura fez uma parceria com a associação comercial para cortar gastos. No ano passado, foi feito um investimento de R$ 40 mil. Este ano, os custos ficaram por conta da associação. A cidade não tem programação oficial para o fim de ano.

Já em Lavras não houve investimento para Natal e Ano Novo. As festas foram cortadas devido à crise econômica enfrentada pelos municípios.

Itajubá seguiu o mesmo procedimento. Em 2015, a cidade contou com 10 dias de programação artística e cultural, mas já não havia tido um evento na virada. Este ano, todas as festividades foram cortadas.

(Fonte: G1 Minas e G1 Sul de Minas)

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