Produção de maconha para fins medicinais vira negócio e movimenta milhões de dólares no Canadá

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A Hershey’s deixou de produzir chocolate em Smiths Falls, em Ontário, no Canadá, há seis anos. A fabricação foi para o México, mas o prédio da indústria continua lá, ao lado de outro vestígio de um tempo de glória: uma placa que indicava o caminho para os ônibus escolares cheios de crianças. Uma antiga portaria parecida com a de um parque de diversões marca o local que costumava ser uma grande atração: a “Loja do Chocolate”, que vendia cerca de US$ 4 milhões em chocolates todos os anos.

(Plantio feito para uso medicinal é controlado, e cheiro da erva é proibido na vizinhança – Foto: Dave Chan / The New York Times)

O velho odor adocicado também desapareceu. No enorme depósito que guardava as pilhas de barras de chocolate Hershey’s serem despachadas, é possível sentir um cheiro diferente: o aroma herbal e amadeirado de 50 mil pés de maconha.

Salões climatizados com luz artificial abrigam filas e mais filas de plantas em vários estágios de crescimento. Na “sala-mãe”, horticultores usam mudas para plantar novos vasos. As “salas de florescimento” ficam cheias de luz durante 12 horas por dia para alimentar as plantas de variedades com nomes levemente aristocráticos, como Argyle, Houndstooth e Twilling.

A nova proprietária da fábrica, no número 1 da Hershey Drive, é a Tweed Marijuana. Essa é uma das quase 20 empresas com licença oficial para plantar maconha para fins médicos no Canadá.

Lei canadense. Um tribunal canadense exigiu que o governo passasse a oferecer maconha para fins médicos em 2000, mas o primeiro sistema de distribuição criou um rebuliço no país. O governo vendia diretamente para os consumidores aprovados, mas as pessoas também podiam plantar para uso próprio, ou ainda transformar suas plantações em pequenas empresas. A Health Canada afirmou que os usuários plantavam em média o suficiente para enrolar de 54 a 90 cigarros de maconha por dia, muito mais do que era necessário para o uso pessoal. Essa abordagem liberal gerou uma onda de reclamações da polícia e das autoridades locais.

Por isso, o governo canadense decidiu criar um grande sistema altamente regulamentado para o plantio e a venda da maconha. As novas regras permitem que os usuários com receita médica comprem o produto de apenas um dos produtores aprovados, com suas plantações de larga escala e com fins lucrativos, como a Tweed. O objetivo dessa medida era fechar milhares de plantações informais espalhadas por todo o país.

A exigência, que entrou em vigor em abril, deu início ao que muitos acreditam ser um novo e lucrativo setor de produção legalizada. O governo, que receberá o imposto sobre as vendas, estima que as empresas possam gerar mais de 3,1 bilhões de dólares canadenses em vendas, ao ano, ao longo da próxima década.

“É muito raro ver um setor em crescimento que já possui um grande mercado estabelecido”, afirmou Chuck Rifici, executivo-chefe da Tweed. “Há um ano, se você me perguntasse se eu estaria trabalhando em um local com milhares de pés de maconha, eu jamais teria pensado que sim”.

Regras para plantar

Cheiro: Os agricultores devem utilizar sistemas sofisticados de filtragem de carbono para evitar que o cheiro da maconha se espalhe. A embalagem também deve ser livre de odores.

Segurança: As plantações são obrigadas a manter medidas de segurança de alto nível, como leitores biométricos de impressão digital para evitar que funcionários levem a droga para casa.

Assista a reportagem:

(O Tempo / The New York Times)

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