Manaus enterra vítimas da Covid-19 em valas comuns

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Após anunciar a instalação de contêineres frigoríficos no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, a Prefeitura de Manaus informou nesta terça-feira (21/04/2020) que está fazendo valas comuns, chamadas pelo órgão de trincheiras, para enterrar vítimas do novo coronavírus. Conforme boletim divulgado hoje, a cidade possui 163 óbitos por Covid-19. No Estado do Amazonas, no total, são 2.270 casos confirmados da doença e 197 mortes.

O rápido aumento de mortes por Covid-19 no estado fez com que dezenas de covas fossem abertas no mesmo cemitério. Segundo informações da prefeitura, desde março, houve um acréscimo de aproximadamente 50% na demanda. Cartórios da capital também estenderam o regime de plantão para atender alta demanda de registro de óbito.

A Prefeitura de Manaus informou, por meio de nota divulgada nesta terça-feira (21), que devido ao grande aumento no número de sepultamentos realizados no cemitério, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana adotou o sistema de trincheiras para realizar o enterro das vítimas de Covid-19.

“A metodologia, já utilizada em outros países, preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o distanciamento entre os caixões e com a identificação das sepulturas. A medida foi necessária para atender a demanda de sepultamentos na capital”, diz a nota.

Na segunda-feira (20), a administração municipal de Manaus informou sobre a instalação de contêineres frigoríficos no cemitério para comportar caixões que aguardavam sepultamento.

A medida visa dar mais agilidade ao serviço SOS Funeral, que é o único disponível para população mais vulnerável financeiramente de forma gratuita.

“As câmaras estão sendo utilizadas para o armazenamento dos caixões, enquanto os familiares aguardam o momento do enterro, sem a necessidade do veículo do SOS Funeral ficar aguardando a liberação, já podendo retornar à base para novo chamado”, pontua a nota da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana.

Contêineres frigoríficos também foram instalados, pelo Governo do Amazonas, em unidades hospitalares de Manaus, após a repercussão de um vídeo que mostra corpos com suspeita de Covid-19 posicionados dentro do Hospital João Lúcio, Zona Leste, ao lado de pacientes internados.

Vídeo

Pacientes morrem à espera de leito

Internada há quatro dias na rede pública de saúde do Amazonas, Dona Maria das Graças, de 63 anos de idade, morreu com suspeita de Covid-19 nessa segunda-feira (20). Ela esperava uma transferência de hospital para ter acesso a uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas foi a óbito antes de conseguir. A família denunciou descaso médico no caso.

A filha, em entrevista à Rede Amazônica, denunciou descaso de médicos e enfermeiros. ”Foi uma espera angustiante do início ao fim”, comentou.

A Secretaria de Saúde do Estado (Susam) afirmou que a paciente seria transferida do SPA do São Raimundo, em Manaus, para o hospital universitário Getúlio Vargas – também na capital. A transferência nunca aconteceu, com o agravamento do caso.

O sistema de saúde da rede pública do Amazonas sofre um colapso iminente e já tem 91% dos leitos de UTI ocupados. Até esta segunda-feira, segundo o governo, entre casos confirmados e suspeitos de Covid-19, há 815 pacientes internados no estado.

Segundo o estado, atualmente, o Amazonas possui 682 respiradores cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Desse número, 232 estão voltados para o atendimento de pacientes com Covid-19, sendo 66% disponíveis para a pandemia.

Após denúncias, o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas iniciou uma investigação e cobra respostas do governo sobre a compra de 28 respiradores pulmonares para a rede pública de saúde no valor de R$ 2 milhões e 970 mil. O MPC informou que o custo teve uma média de R$ 106 mil e 200 por unidade.

De acordo com o documento do Gabinete do Procurador Geral de Contas, assinado por João Barroso de Souza, o Governo Federal tem adquirido os mesmos respiradores ao preço unitário de R$ 57.300. O procurador-geral relata que o valor é quase metade do preço dos equipamentos que o Amazonas adquiriu.

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