A abominável “cadeirinha do pensamento” pode ter surgido como uma proposta educativa, porém esta é uma hipótese completamente oposta aos objetivos educacionais em suas essências.

E o entendimento é muito simples, basta analisarmos as seguintes questões:

– “Pensar” é uma punição ou é uma das habilidades mais maravilhosas do Ser Humano?
Quando há uma proposta de “pensar” como punição, automaticamente estamos remetendo o “pensar” como algo abominável que, caso eu tenha feito algo horrível, terei que pagar.

E ainda podemos continuar a análise:

– “Fique sentadinho, sozinho para pensar”.
O pensamento, em solidão, é outra habilidade formidável do Ser Humano, que precisa ter momentos de estar com ele mesmo, e esta deve ser uma ação prazerosa.

E por fim:

– A criança não “sabe pensar”.
Até os sete anos, aproximadamente, a criança não reconhece regras e valores. Ela ouve, mas não possui habilidade cognitiva para compreensão. Por isso, nós adultos, precisamos orientá-la, mesmo com os “dribles” que a criança nos dá.

Muitos poderão afirmar, por experiência própria: “mas a cadeirinha do pensamento funciona sim”.

Sim! A abominável cadeirinha do pensamento funciona, mas temporariamente, para “adestrar” a criança, para dar “sossego” à mãe ou à professora e, o pior, ensinar a criança “odiar pensar” e então ter seu destino fadado à obediência.

A criança que “aprendeu pensar” pelo método da abominável cadeirinha do pensamento poderá sim se tornar uma criança obediente. Porém, será um adulto infeliz e incapaz de compreender que tanto o “estar sozinho” e que o “pensar” são habilidades maravilhosas que poderão ser o passaporte para uma vida emocionalmente equilibrada.

Nossa missão enquanto educadores é a de oportunizar para a criança seu desenvolvimento psicossocial, motor, emocional, cognitivo e intelectual. É fato que esta não é uma tarefa fácil e que não tem receita.

No entanto, a escuta, o diálogo, a coerência, a paciência e o amor são ingredientes básicos para que sejamos eficazes em nossa missão de educadores.

As normas que levamos milênios para construir não podem ser exigidas de uma criança que chega ao mundo sob nossa responsabilidade, para aprende-las, assim, tão bruscamente. Quando a proibimos de socializar e a castigamos pelos “erros” cometidos – que ela ainda não compreende que são erros – demonstramos que não sabemos dialogar e que devemos nos calar, sem contato entre as partes envolvidas. Esta ação demonstra que somos incapazes, portanto, de ensinar a melhor forma de interagir.

A solução sempre será o diálogo. A construção do conhecimento se dá pela interação. E o mais importante no processo de ensino aprendizagem é que a criança adquira autoconfiança, autoestima e habilidades de convivência que estão se tornando tão raras nos últimos tempos. Amar a criança é desejar e contribuir para que ela pense sim. Porém, como uma ação que seja benéfica e não punitiva.

Um mundo com mais diálogo na infância será um mundo com melhores interações sociais e profissionais.

Quem é Marli Andrade?

Marli Andrade é Psicanalista e Psicopedagoga, Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy em Buenos Aires, defendendo a tese: “A influência da subjetividade nas interações profissionais”.

Autora de Literatura Infantojuvenil com o propósito de contribuir para que as crianças cresçam com equilíbrio emocional, autoestima e habilidades para interações intra e interpessoal tranquila e eficiente.

Escritora do livro “Primeiro você sonha, depois você dorme”, catalogado pela Câmara Nacional do Livro, sob o catálogo sistemático: Autoconhecimento, Comportamento social, Conduta de vida, Equilíbrio (Psicologia), Inconsciente, Realização pessoal, Relações interpessoais, Sonhos e Sucesso profissional.

Atua com palestras e treinamentos em instituições públicas e privadas, disponibilizando técnicas para que cada participante possa construir suas próprias estratégias para a gestão intra e interpessoal.