O tema é realmente muito complexo porém necessário o debate. É fato que quando é dado à criança muito espaço, ela pode querer tomar conta do seu entorno. Porém, é fato também que quando não lhe proporcionamos oportunidades para que ela faça escolhas, por exemplo, ela não aprenderá este importante fator para o equilíbrio emocional. Precisamos, portanto ensina-la escolher, desde muito cedo.

Costumo sempre solicitar aos pais que façam a seguinte reflexão: quando vamos ao self serviço e lá encontramos quatro tipos de carnes diferentes e, gostando de todas, qual colocamos no nosso prato? A maioria responde: um pouquinho de cada.

E por que isto acontece? Por que nós, adultos, temos muita dificuldade em escolher; e é por isso que precisamos criar situações para que a criança se torne apta a fazer escolhas o quanto antes.

Recentemente presenciei um diálogo entre pai e filho no supermercado em que o filho diz: – Pai, ali tem balas e chicletes, qual posso pegar? Eis que o pai responde: – Escolhe lá, filhão! E então a criança responde: – Mas eu não sei. Então o pai diz: – Pode pegar dos dois.

Infelizmente, o pai perdeu uma excelente oportunidade de contribuir para que o filho tivesse que tomar a difícil decisão de escolher. E percebe-se que a criança estava aberta para a aprendizagem e, em dois momentos, no referido caso. Ele primeiro sinalizou a existência de duas coisas que gosta e perguntou qual poderia pegar. Depois, indicou ao pai que não sabia escolher, logo, estava mais uma vez aberto à aprendizagem, como o pai disse que poderia pegar dos dois, ele foi, confortavelmente levar tudo sem precisar passar pela dor da escolha que poderia lhe ajudar lá na frente, quando precisar escolher, sozinho, em alguma situação que a vida lhe proporcionar.

Podemos amenizar estas dificuldades apresentando situações para que as crianças possam escolher, como:

– Qual destas duas blusas você prefere vestir hoje?
– Qual fruta você quer levar para escola hoje?
– Você gosta mais de qual cor?

Perguntas que possam fazer a criança pensar e ter que optar por uma.
Você perceberá que ela ficará na dúvida e sempre pedirá que você escolha por ela. É neste momento que precisa incentivar que ela mesma faça a escolha, explicando, por exemplo que ele pode escolher uma para hoje e amanhã, poderá escolher a outra.

Estas pequenas escolhas, darão a autoconfiança que a criança precisa, por exemplo, para sair de situações embaraçosas quando um estranho insistir que ela aceite algo e, tendo ela aprendido fazer escolhas, poderá optar por outro caminho, sem culpa.

Ressalto sempre que mesmo neste caso, é preciso buscar o equilíbrio. Não me refiro a deixar que a criança sempre decida. Me refiro a oportunizar momentos de escolhas para que ela compreenda que pode e deve ser inserida nestes contextos. Lembrando sempre que criança é muito inteligente e pode sim, se tornar o centro das atenções para obter sempre o que quer. Inserindo-a no universo das escolhas, ela compreenderá que em alguns momentos da vida, tem a responsabilidade por suas ações, adquirindo assim autoestima, autoconfiança, personalidade e concentração para a responsabilidade das escolhas.

Quem é Marli Andrade?

Marli Andrade é Psicanalista e Psicopedagoga, Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy em Buenos Aires, defendendo a tese: “A influência da subjetividade nas interações profissionais”.

Autora de Literatura Infantojuvenil com o propósito de contribuir para que as crianças cresçam com equilíbrio emocional, autoestima e habilidades para interações intra e interpessoal tranquila e eficiente.

Escritora do livro “Primeiro você sonha, depois você dorme”, catalogado pela Câmara Nacional do Livro, sob o catálogo sistemático: Autoconhecimento, Comportamento social, Conduta de vida, Equilíbrio (Psicologia), Inconsciente, Realização pessoal, Relações interpessoais, Sonhos e Sucesso profissional.

Atua com palestras e treinamentos em instituições públicas e privadas, disponibilizando técnicas para que cada participante possa construir suas próprias estratégias para a gestão intra e interpessoal.