População de Januária denuncia caos no atendimento de saúde

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Convidados de audiência pública ocorrida em Januária (Norte de Minas), nesta quinta-feira (17/3/16), criticaram o atual estado do atendimento de saúde na cidade, principalmente a situação em que se encontra o Hospital Municipal, que estaria “sucateado”. Promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a audiência aconteceu atendendo a requerimento do seu presidente, deputado Arlen Santiago (PTB).

Segundo a coordenadora do Setor de Vigilância Sanitária da Gerência Regional de Saúde de Januária, Taís Coelho de Oliveira, vários problemas foram detectados recentemente na instituição. De acordo com ela, devido a essas irregularidades, em junho de 2015 houve a interdição do bloco cirúrgico. Desde então, o hospital só está autorizado a fazer cirurgias de urgência e emergência. No mês seguinte, Taís Coelho conta que o hospital foi autuado devido a um grande número de infrações em vários setores, o que se repetiu em fevereiro último.

“O setor de raio-x está interditado. A gerência foi notificada para chamar um físico para vistoriar o local. Solicitamos, também, que fosse contratado o serviço de uma empresa para garantir que a radiação que funcionários estavam recebendo não estivesse sendo prejudicial à saúde deles. A interdição cai a partir do momento em que se resolva essas duas questões”, ponderou Taís.

O diretor administrativo do hospital, Geraldo de Sales, alegou que o hospital “melhorou muito” desde o ano passado, mas reconheceu que ainda há “muito o que fazer”. Ele ainda informou que, em 60 dias, vão chegar novos recursos financeiros do Estado, que vão ser usados, principalmente, no setor da maternidade e para melhorar o setor de urgência e emergência. “Teremos, também, novos equipamentos”, garantiu.

Sobre a interdição do bloco cirúrgico, ele assegurou que vai conseguir o alvará sanitário em breve, “sem maquiar nada”. Ele anunciou, ainda, durante a reunião, que o secretário municipal de Saúde foi exonerado na última quarta (16) e que ele já havia aceitado ser o seu substituto. “Estou empenhado em melhorar a saúde da nossa cidade”, enfatizou.

Sem diálogo – O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Januária, Roges Carvalho, lamentou que nunca um secretário municipal de Saúde ofereceu condições mínimas para que o conselho funcionasse. “Esse é um dos motivos da saúde daqui não funcionar. Secretários que já passaram pela cidade acham que a área pode ser gerida por uma única pessoa, sem participação maior da sociedade”, criticou. Roges contou ainda que conselheiros resolveram não aprovar mais nenhuma ação da secretaria até que os ofícios enviados pelo órgão sejam respondidos.

“Falta tudo nas unidades básicas de saúde. Temos que investir no atendimento primário”, avaliou. Roges disse ainda que houve, nesta semana, uma reunião do Conselho Estadual de Saúde e a saúde de Januária foi o foco da discussão. “Disseram que vão vir aqui. Pelo menos uma notícia boa. Acredito que as coisas vão se encaminhando”, pontuou.

“Os servidores estão sendo massacrados”, afirmou o presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos de Januária, Nilton Ferreira Filho.

Comissão de Saúde debateu as dificuldades relativas ao atendimento hospitalar de urgência e de emergência em Januária – Foto: Pollyanna Maliniak / ALMG

Servidores confirmam estado precário da instituição

Servidores do Hospital Municipal confirmaram, durante a participação do público presente à reunião, a situação precária da instituição, tanto em termos de infraestrutura quanto do atendimento à população. Foram feitas, também, várias queixas ao restante do sistema de saúde da cidade e ainda algumas denúncias, como a de que alguns servidores estariam assinando procedimentos médicos não realizados.

A gerente regional de Saúde do município, Rosyane Oliva, prometeu que vai entrar em contato com todos os denunciantes para apurar as informações. Já o deputado Arlen Santiago afirmou que vai agendar outra audiência para discutir as denúncias de fraudes no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para o deputado, a população de Januária não tem recebido a assistência necessária. Segundo Arlen Santiago, o município recebe recursos da chamada Programação Pactuada e Integrada (PPI), que teriam que ser usados obrigatoriamente para atender a saúde na região. “De Itacarambi, Manga e outras cidades próximas, Januária recebe algo em torno de R$ 500 mil, mas não sabemos o porquê do valor não ser empregado segundo o que foi pactuado”, acrescentou.

Para o parlamentar, ainda são poucos os investimentos públicos em saúde. Ele criticou a tabela do SUS, principalmente a falta de correção, há mais de 15 anos, do valor da consulta médica especializada. Também afirmou que o SUS paga somente R$ 300 por um plantão de 12 horas e R$ 483 por um parto, sugerindo ainda algumas medidas para minimizar os problemas do setor. “Uma delas é tentar baixar os juros das dívidas de hospitais públicos”, frisou.

Por fim, Arlen Santiago disse que vai apresentar, na próxima reunião da comissão, uma série de pedidos de providência ao secretário de Estado de Saúde para tentar solucionar todas as questões levantadas durante a audiência.

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(Fonte: ALMG / Fotos: Pollyanna Maliniak / ALMG)

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