Não há outro caminho. As crianças criam memórias de infância que as acompanharão por toda a vida.

É preciso, portanto, estarmos atentos ao ambiente em que as crianças estão inseridas.

Dorothy Law, Ph.D. em Educação, sugere o entendimento de que crianças são como esponjas. Absorvem tudo o que fazemos, tudo o que dizemos. Aprendem conosco o tempo todo, mesmo quando não nos damos conta de que estamos ensinando. Assim, quando adotamos um comportamento crítico – reclamando delas, dos outros e do mundo em torno de nós, estamos lhes mostrando como condenar e criticar os outros. Estamos ensinando a verem o que está errado no mundo, e não o que está certo. A noção de crítica pode ser transmitida de várias maneiras: pelas palavras, pelo tom de voz e até por um olhar. Todos sabemos como olhar alguém de modo reprovador ou dar uma conotação de crítica às nossas palavras. As crianças pequenas mostram-se particularmente sensíveis à maneira como dizemos as coisas e são muito afetadas por estas falas. Todo este processo ocorre sem que ambos os lados percebam a influência.

É por isso que sempre reforço que mesmo quando nos consideramos bons pais, bons educadores, sempre há um espaço para nos tornarmos melhores, ensinando aos nossos filhos e alunos que eles podem, cada dia mais, se tornarem melhores, mais conscientes da influência do comportamento individual para o resultado do coletivo.

E o que é mais interessante neste processo é que podemos tentar ensinar certos valores, mas as crianças inevitavelmente absorverão aquilo que é transmitido através do comportamento, dos sentimentos e atitudes de quem elas convivem na vida diária.

A maneira como expressamos e administramos os próprios sentimentos torna-se um modelo que será lembrado pelas crianças durante toda a vida.

As nossas escolhas diárias, as nossas expressões, vivências, por mais simples que sejam, estão sendo copiadas e armazenadas na memória das crianças e, mais tarde, sem que elas percebam, repetirão o nosso comportamento. Evidentemente que associado às condutas comportamentais do tempo em que elas estão inseridas.

Enfim, sendo mais clara possível, elas aprendem e intensificam. Ou seja, os tempos atuais estão sendo vividos de uma forma cada vez mais agitada, corrida e individualista. Se as crianças crescerem em um ambiente sem calmaria, cheio de injustiças e infeliz, elas, na sociedade atual, transferem esse reflexo com muito mais intensidade e sofrerão consequências irreparáveis; porque, diferente de tempos atrás, os sujeitos de hoje não aceitam com facilidade o debate. Logo, o embate é sempre mais fácil de ocorrer.

No entanto, se as crianças crescerem em ambiente calmo, justo e feliz, dificilmente serão influenciadas por outros ambientes, por sua vez degradantes, porque elas terão memórias positivas que lhes trarão saciedade e por isso não precisarão de embates para estarem sempre certas e vencedoras o tempo todo para se sentirem realizadas. Elas já serão realizadas por terem a calmaria nos corações e mentes, que aprenderam quando crianças, observando o comportamento dos adultos.

Quem é Marli Andrade?

Marli Andrade é Psicanalista e Psicopedagoga, Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy em Buenos Aires, defendendo a tese: “A influência da subjetividade nas interações profissionais”.

Autora de Literatura Infantojuvenil com o propósito de contribuir para que as crianças cresçam com equilíbrio emocional, autoestima e habilidades para interações intra e interpessoal tranquila e eficiente.

Escritora do livro “Primeiro você sonha, depois você dorme”, catalogado pela Câmara Nacional do Livro, sob o catálogo sistemático: Autoconhecimento, Comportamento social, Conduta de vida, Equilíbrio (Psicologia), Inconsciente, Realização pessoal, Relações interpessoais, Sonhos e Sucesso profissional.

Atua com palestras e treinamentos em instituições públicas e privadas, disponibilizando técnicas para que cada participante possa construir suas próprias estratégias para a gestão intra e interpessoal.