Rio Doce atinge nível mais baixo da história em Governador Valadares

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O Rio Doce atingiu a vazão mais baixa de sua história na tarde desta sexta-feira (09/10/2015), em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. A lâmina d’água, na medição da régua do SAAE, chegou a 49 centímetros negativos. Com isso, estão sendo bombeados 637 litros de água por segundo, quase a metade dos 1,2 mil litros captados em dias normais.

A dificuldade para captação no rio compromete o abastecimento em Governador Valadares. Com o baixo nível do curso d’água, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) estuda iniciar o racionamento na cidade.

Por causa da diminuição, para não haver desabastecimento, a equipe do SAAE começará a fazer manobras na distribuição pela cidade. Trata-se de um revezamento. A água é enviada a um dos pontos de armazenamento e ele é fechado para o envio a outro, e assim sucessivamente. Isso permite que todos os reservatórios tenham o mínimo necessário de água.

Com a manobra, a água não chegará simultaneamente a todos os reservatórios em tempo integral, mas apenas em uma parte do dia. Se o revezamento entre os bairros não funcionar, a solução será o racionamento.

“Não temos essa necessidade ainda, mas estamos nos preparando para ela. Estamos fazendo um estudo técnico e nos preparando para não sermos surpreendidos. A população precisa se conscientizar, pois parece não entender, não acreditar na crise hídrica que estamos enfrentando. Muitos ainda estão desperdiçando água”, lamenta o diretor adjunto do SAAE, Vilmar Rios. Se houver o racionamento, cada bairro poderá ficar dois dias sem receber água.

Captação diminuiu para 637 litros de água por segundo – Foto: Leonardo Morais / Hoje em Dia

Sem Água

Pelo menos 21 bairros ficarão sem água em dois dias do feriado prolongado em Governador Valadares. A interrupção do abastecimento será feita para a troca de uma adutora que fica embaixo do viaduto da avenida JK, que está rachada. São 15 metros de ferro fundido de 300 milímetros de diâmetro. De acordo com o SAAE, a troca vai evitar vazamentos, desabastecimento e desperdício de água.

O serviço será feito das 9 às 18 horas deste domingo (11) e, para isso, o abastecimento de água precisará ser interrompido nos bairros Penha, Caravelas, Tiradentes, Castanheira, Vitória, Vila União, Figueira, Jardim Alice, Novo Horizonte, Santa Rita, São Cristovão, Pérola, Vila Rica, Nova Vila Bretas, Vale Pastoril, Canaã, Betel, Jardim Kennedy, Vila Império, JK I e II.

A previsão é a de que o abastecimento nestes bairros seja normalizado na noite de segunda-feira. Os moradores podem solicitar caminhão-pipa pelo telefone 115.

Moradores com reservatórios maiores não ficarão sem água se souberem economizar”, avisa o diretor adjunto do SAAE, Vilmar Rios. Ele alerta que apesar da previsão de dois dias sem água, a normalização pode acontecer na noite de domingo.

Clima

A bacia do Rio Doce possui uma extensa área, cerca de 87 mil quilômetros quadrados, mais de 1% do território nacional, abastecendo uma população de aproximadamente 3,5 milhões de pessoas.

Com a intensificação do desmatamento da Bacia, principalmente no médio e baixo Rio Doce, a partir de meados do século passado e a implementação da pecuária extensiva, o ciclo hidrológico da região foi alterado com uma redução drástica das chuvas convectivas pois a evapotranspiração foi reduzida devido a falta das árvores.

Para o Engenheiro Agrônomo e professor adjunto da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Alexandre Sylvio Vieira da Costa, outro fator que agrava a situação é a característica de pré desertificação de parte da bacia do Doce.

Avaliando os dados climatológicos da estação climatológica do INMET localizada em Governador Valadares, entre os anos de 1975 e 2010, observou-se uma tendência de aumento da temperatura máxima e mínima na região, redução da umidade relativa do ar e redução das chuvas.

“Associado ao elevado grau de degradação dos solos da bacia, está formado o quadro edafoclimático que propicia a instalação de um clima semi árido ou árido na região para as próximas décadas, fato que caracteriza a pré desertificação. A característica climática da região de inverno quente e seco potencializa ainda mais este quadro. Se não forem tomadas ações efetivas e de curto prazo de recuperação, o futuro da bacia, de sua população e de sua economia estará comprometido”, afirmou Alexandre Sylvio.

(Fonte: Hoje em Dia / G1 dos Vales)

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