Pacientes recebem atendimento nos corredores do hospital. Prefeitura cassou liminar obtida pelo Ministério Público.
Pacientes que procuram atendimento no Hospital Municipal de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, relatam estar enfrentando problemas com a falta de leitos, além de corredores superlotados com filas de macas.
Entre os casos está o do entregador Oscar Paiva, que sofreu um acidente de moto com a mulher. Ele fez fotos e gravou um vídeo da situação. “Eu, felizmente, não me feri muito, mas a minha esposa teve três faturas na perna e por isso precisa passar por uma cirurgia plástica, para fazer um enxerto. Ela deu entrada no hospital na segunda-feira (22) e só foi atendida na quinta (25), depois que me viram fotografando e filmando o local”, disse.
Oscar resolveu fazer as imagens como forma de protesto. Ele estava preocupado com a possibilidade da sua mulher contrair algum tipo de infecção. “Ela tinha um ferimento na perna e ficou exposto, durante dois dias ela ficou no corredor. Além disso, por três dias sequer deram banho nela. Eu que busquei uma cadeira apropriada e dei o banho nela”, desabafa.
No entanto, de acordo com a Justiça, isso não deveria acontecer. Em fevereiro deste ano, o Ministério Público entrou com uma ação contra a Prefeitura. Segundo o promotor de Justiça, Lélio Braga Calhau, no processo, o município teria que pagar multa diária no valor de R$ 100 por paciente encontrado internado nos corredores do Hospital Municipal.
Em caso de reincidência, o valor seria aplicado contra alguns gestores do Executivo. Porém, o promotor diz que uma liminar do jurídico da administração municipal conseguiu anular essa decisão. “O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais acatou o recurso da Procuradoria Geral do Município e suspendeu a liminar que o juiz concedeu ao Ministério Público. Desta maneira, vamos recorrer porque não podemos ficar de mãos atadas, e a população tendo este tipo de atendimento”, diz Lélio Braga Calhau.
A secretária de saúde de Valadares, Kátia Barbalho, admitiu que faltam leitos no hospital, mas ela disse que isso acontece em função do HM ser o único hospital de referência da região. Diariamente são realizados quase mil atendimentos no hospital que conta com apenas 290 leitos.
“Obviamente que a gente não quer que isso aconteça. Mas o fato de sermos o único hospital de referência, e receber pacientes de toda região, faz com que aconteça essa sobrecarga. Porém, são situações sazonais, há dias em que pacientes ficam nos corredores e em outros não. É necessário ressaltar que o ideal não seria uma possível internação em corredor de hospital. No entanto, em alguns casos excepcionais, e não havendo perigo para a vida do paciente, podem ocorrer atendimentos de tal forma, sem que haja danos ao estágio de saúde atual do paciente”, afirma Kátia Barbalho.
Pacientes recebem atendimento nos corredores do Hospital (Foto: Oscar Paiva/G1)
(Fonte: Inter TV dos Vales / G1)
