Em 29 de abril, os moradores foram às ruas em protesto contra o crescimento da violência e para pedir reforço e aparelhamento das polícias Civil e Militar.
Em Conceição do Mato Dentro (MG) o aumento da violência vem forçando mudanças de hábitos entre moradores. A professora de educação física Silvana Moreira, de 56, conta que deixou de sair de casa à noite. “A tranquilidade que a gente tinha antes, não tem mais. Antes, a gente podia sair sem preocupação, deixar a porta aberta, só no trinco, e nada acontecia”, reclama. A costureira Jussara Míriam de Oliveira Espanhol, de 42, que sempre trabalhou com a porta aberta, olhando o movimento na rua, agora pensa em instalar uma grade de proteção no seu ateliê. “É o tráfico de drogas, infelizmente”, lamenta.
O diretor da Associação Comercial da cidade, Márcio Costa Seabra, não tem boas expectativas. “A cada dia, a coisa piora. O comércio sofre com os assaltos, já pedimos providências à polícia e nada foi feito”, reclama ele, que organiza um fórum de segurança pública para discutir o problema. “Aumentou muito a população de fora e junto veio a insegurança. Antes, o efetivo policial era suficiente. Agora, os bandidos perceberam a fragilidade da PM e começaram a atacar”, conta.
Moradores protestaram contra a violência – Foto: Divulgação
No pelotão da PM, são 23 policiais, mas todo mês há pelo menos dois de férias, sem contar as licenças médicas. Desse total, equipes de quatro PMs se revezam para cuidar do quartel. Em 29 de abril, os moradores foram às ruas em protesto contra o crescimento da violência e para pedir reforço e aparelhamento das polícias Civil e Militar.
A Polícia Civil confirmou, por meio da sua assessoria de imprensa, que Conceição do Mato Dentro conta com uma delegada, dois escrivães e quatro investigadores. Acrescentou que não conta com servidores suficientes para reforçar a equipe da cidade. Houve concurso para mil novos investigadores, mas o processo está em fase de investigação social dos aprovados e análise de recursos na prova de títulos. Somente no ano que vem eles devem começar a trabalhar.
Em relação ao deslocamento de policiais até Santa Luzia, a corporação informou que trabalha com regionais e, que todos os atendimentos após as 18h, nos fins de semana e nos feriados são feitos nessas unidades especiais, onde ficam as equipes de plantão. “No caso de Conceição do Mato Dentro, a cidade está submetida à Regional de Santa Luzia”, acrescentou. O comandante do 5º Pelotão da PM de Conceição do Mato Dentro, tenente Rogério Nascimento da Silva, foi procurado pessoalmente, no dia 3, pelo Estado de Minas e ontem, por telefone, mas não foi localizado.
A mineradora Anglo American informou que tem contribuído para apoiar e melhorar as ações dos governos municipal e estadual na área de segurança na região. “Por meio do Programa de Adequação da Infraestrutura Urbana e do Subprograma de Adequação da Segurança Pública, já foram investidos R$ 5,5 milhões em segurança pública nessas comunidades”, informou, por meio da sua assessoria de imprensa.
Entre as suas ações já realizadas ou em fase final, em parceria com o poder público, a mineradora cita a construção e ampliação do quartel da PM, que passou a abrigar também a Polícia de Meio Ambiente e a Polícia Rodoviária, possibilitando o aumento de efetivo. Disse ainda ter feito um repasse financeiro à prefeitura, por meio de convênio, para construção de 16 casas para agentes civis e militares, obra que está praticamente concluída. A empresa informou ainda ter doado quatro motos para a PM e uma viatura para a Civil. “Também está prevista a construção de nova delegacia e reforma do prédio da cadeia pública”, reforça Anglo American, que também diz desenvolver campanhas de conscientização junto aos moradores.
Conceição do Mato Dentro sofre com o aumento da violência – Foto: Divulgação
(Fonte: Jornal Estado de Minas)
