Minas Gerais amplia o diagnóstico laboratorial de Tuberculose

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Todos os anos, cerca de 70 mil novos casos são diagnosticados, o que coloca o Brasil na 16ª colocação entre os países com maiores cargas da doença

O Estado de Minas Gerais celebra mais um Dia Mundial da Tuberculose, nesta terça-feira (24/3), com o reforço na ampliação do diagnóstico laboratorial da doença. A informação vem da Fundação Ezequiel Dias (Funed) que, com o apoio da Coordenação Estadual de Pneumologia Sanitária (CEPS) da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), do Ministério da Saúde, vem realizando ações para ampliar a disponibilização do exame para a população.

O objetivo, de acordo com a coordenadora do Serviço de Doenças Parasitárias da Funed, Marluce Assunção Oliveira, é motivar o profissional da saúde a solicitar o exame quando há suspeita da doença pela acessibilidade e rapidez do resultado do diagnóstico, além de prestar o melhor serviço ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo estudos realizados pelo responsável técnico pelo Diagnóstico Laboratorial da Tuberculose na Funed, Cláudio José Augusto, no Brasil, a doença também é um sério problema de saúde pública, com 68 mil novos casos e 4,6 mil mortes anualmente, o que coloca o país em 16º na classificação de países com as maiores cargas da doença em todo o mundo.

“O governo federal, por meio do Programa Nacional de Controle da Tuberculse, prioriza ações para tentar controlar essa doença e definiu algumas metas como: implantação do Teste Rápido Molecular (RTR-TB) como auxílio no diagnóstico da doença e cultura para micobactérias de forma universal e racional em todo o país”, observa Augusto.

Diagnóstico da doença

O Teste Rápido Molecular (RTR-TB), citado pelo responsável técnico, é um exame para o diagnóstico inicial que permite a identificação da bactéria causadora da doença, mostrando se ela expressa resistência à Rifampicina (um dos antibióticos considerados como primeira opção no tratamento da tuberculose).

Embora o teste viabilize o diagnóstico em até duas horas, ele representa apenas um acréscimo de informações. Isto porque a metodologia oficial de diagnóstico utilizada no Brasil é a de cultura de bactérias, com prazo de 60 dias para liberação de resultados.

Por essa razão, o Teste Rápido Molecular será usado somente em casos específicos, conforme orientação do Ministério da Saúde. “A técnica agrega uma tecnologia a mais no diagnóstico, de forma mais simples, sensível e específica. Após o diagnóstico o médico já tem um direcionamento e pode iniciar o tratamento específico para cada caso”, explica Augusto. Segundo ele, a inclusão do Teste Rápido veio para consolidar a descentralização dos exames de tuberculose nos laboratórios macrorregionais.

Ampliação

Para aumentar a realização de diagnósticos, nos últimos meses, a Funed vem reorganizando a rede de laboratórios, com aquisição e distribuição de insumos (reagentes e meios de cultura) e a realização de capacitações para profissionais de vários laboratórios, fortalecendo assim a estrutura laboratorial do Estado de Minas Gerais (MG). A última capacitação, que ocorreu nos dias 13, 17 e 18 de março, por videoconferência, envolveu todas as Regionais de Saúde de Minas Gerais.

De acordo com o responsável técnico, já foram distribuídos nove equipamentos em oito laboratórios sendo: cinco laboratórios macrorregionais no interior do Estado, dois equipamentos no laboratório de referência da prefeitura de Belo Horizonte e um equipamento em cada hospital (Júlia Kubitschek e Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais).

“Estes laboratórios também foram habilitados para a realização de cultivo para micobactérias e servirão como referências para as microrregiões no diagnóstico da tuberculose”, afirma Augusto.

O laboratório da Funed, além de coordenar todas as ações de descentralização, irá executar o cultivo para micobactérias de forma manual e automatizado, realizando, ainda, teste de sensibilidade aos fármacos e identificação das espécies de micobactérias isoladas em toda a rede de laboratórios de Minas.

“Somos ainda referência no diagnóstico da tuberculose para o Espírito Santo e para a região norte do Brasil. Caso os exames dessas regiões apontem tuberculose e detecção de mutação para resistência de Rifampicina, eles são enviados para a Funed, que tem um Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) e melhor condição para realização de outros exames complementares”, explica Cláudio.

A tuberculose

Febre, tosse persistente, sangue no escarro, suor excessivo a noite, perda de peso, fraqueza e falta de apetite são sintomas que podem estar associados a uma doença grave que, se não for cuidada, pode levar a morte. É a tuberculose, doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, transmitida pelo ar e que pode atingir todos os órgãos do corpo, em especial os pulmões. Por ser mais frequente, a forma pulmonar é a principal responsável pela transmissão. Ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, sendo denominadas de bacilíferas.

Para o enfermeiro e referência técnica em Tuberculose da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) (SES-MG), Rômulo Morato, o abandono da medicação durante o período recomendado é um fator agravante para o sucesso do tratamento. “O esquema terapêutico do tratamento convencional tem uma duração longa, de seis meses, utilizando diariamente os medicamentos. O paciente de tuberculose fazendo uso correto da medicação tende a ter uma melhora no quadro clínico (acaba com a tosse, deixa de ser transmissor da doença e ganha peso) nos primeiros 15 dias, após o início do tratamento. Diante desta melhora, alguns pacientes acabam parando de tomar a medicação, julgando não ser mais necessário, interrompendo o tratamento. Se não tiver uma sensibilização dos familiares, amigos, colegas e dos Serviços de Saúde, a probabilidade de abandonar é muito grande, podendo agravar o estado de saúde e voltar a transmitir a doença”, orienta.

Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças obrigatoriamente no primeiro ano de vida ou no máximo até quatro anos, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados.

Em 2014 foram registrados no Estado 1.945 casos da doença. A taxa de abandono, preconizada pelo Ministério da Saúde para o tratamento, é de 5% e o estado de Minas Gerais apresentou, em 2012, último ano com dados fechados no sistema, taxa de 10%. Devido ao longo período de tratamento, as taxas referentes aos anos de 2013 e 2014 ainda não foram fechadas. (Agência Minas)

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