Demanda por água deve crescer 55% até 2050 e Unesco prevê futuro sombrio

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Previsão faz parte de Relatório Mundial das Nações Unidas, que aponta também que, se nada for feito, as reservas para abastecimento devem encolher 40% até 2030.

Por causa da rápida urbanização, principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a demanda por água deve crescer 55% no mundo até 2050, segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos 2015 – Água para um mundo sustentável, lançado em Nova Délhi, na Índia, pela Unesco. Ainda de acordo com o texto, se nada for feito, as reservas para abastecimento devem encolher 40% até 2030. O relatório, que faz parte das ações ligadas ao Dia Mundial da Água, amanhã, reforça a necessidade de melhorar a gestão dos recursos hídricos e reduzir desperdícios para responder às demandas de uma população mundial cada vez mais numerosa e urbana e dos setores agrário e industrial.

Segundo o estudo, 748 milhões de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso a água potável. Por outro lado, o consumo nunca foi tão grande. Até 2050, a agricultura, setor que mais usa água, deverá produzir 60% mais alimentos do que hoje. O estudo destaca ainda que a demanda por bens manufaturados vai aumentar, pressionando ainda mais os recursos hídricos.

A estimativa é de que, até 2050, a demanda mundial da indústria por água tenha um aumento de 400%. O estudo chama a atenção para o grande volume usado para geração de energia e destaca a necessidade de estímulos a fontes renováveis, como subsídios para as fontes eólica e solar. O objetivo do relatório internacional é estabelecer metas em relação ao uso da água. A proposta seria fixar índices em questões como governança e qualidade da água, gestão de águas residuais e prevenção de desastres naturais.

O relatório da Unesco destaca as iniciativas de um programa batizado de “Rio Rural”, desenvolvido na Região Norte do Rio de Janeiro. O programa, que até 2018 receberá recursos do Banco Mundial, é voltado para a produção agrícola na região. “Em partes do Norte do estado do Rio de Janeiro, políticas rurais do passado priorizaram a monocultura do café e da cana-de-açúcar, além da pecuária. O desmatamento e a exploração não sustentável resultaram em degradação do solo e em esgotamento dos recursos hídricos”, informa o estudo, destacando que, desde 2006, o programa fluminense trabalha para reverter a situação, com suporte para que pequenos agricultores adotem sistemas produtivos mais ecológicos. “Como a maioria das tecnologias mais sustentáveis tem custos mais elevados de implementação e baixo impacto sobre a renda rural, é fundamental estabelecer um sistema de incentivo financeiro para apoiar sua adoção”, afirma o trabalho.

Com apoio do Banco Mundial, governos federal, estadual e do setor privado, a previsão é de que o Rio Rural receba um total de US$ 200 milhões até 2018, atingindo área de 180 mil hectares e 78 mil agricultores. Desse total de produtores rurais, 47 mil recebem incentivos financeiros diretos e assistência técnica para melhorar a produtividade. Em troca, se comprometem em conservar áreas florestais remanescentes.

Captação no São Francisco para irrigação: agricultura, maior consumidor, aumentará produção em 60% – Foto: Gladyston Rodrigues / Jornal Estado de Minas / D.A Press

(Fonte: Estado de Minas)

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