Mulher afirmou que foi obrigada a ir até a casa da vítima, que tentou reatar o relacionamento. Uma medida protetiva, que não foi respeitada, impedia que homem se aproximasse da suspeita.
A Polícia Civil de Malacacheta, no Vale do Mucuri, conseguiu desvendar o mistério que envolvia o assassinato de um homem de 48 anos na cidade. Nesta sexta-feira (16), quatro dias após o crime, a ex-namorada da vítima se apresentou na delegacia e confessou ter matado o ex com 16 facadas. Ela alegou legítima defesa e, como o flagrante já havia passado, foi ouvida e liberada.
O caso começou na última quarta-feira (14) quando o corpo de José Carlos Biagi foi encontrado dentro da sua casa, localizada na rua Nestor Esteves Lima, no bairro Santa Rita. Ao passar pelo imóvel, um pedestre sentiu um mau cheiro na residência.
Ele foi até os fundos da casa, abriu a porta e encontrou Biagi em cima da cama coberto com um pano. O homem estava em estado avançado de decomposição. A perícia esteve no local e constatou que o homem tinha perfurações ocasionadas por faca.
No início desta manhã, o advogado da ex-namorada de Biagi entrou com o delegado responsável pelo caso, Eduardo José Pereira Gil, e afirmou que a sua cliente iria se entregar. “Ela esteve na delegacia nesta manhã, confessou o crime, mas alegou legítima defesa. Segundo a suspeita, o homem a ameaçou de morte primeiro”, disse o policial.
A mulher de 52 anos contou ao delegado que estava em casa, no mesmo bairro do ex, quando o homem chegou e exigiu que ela fosse para a casa dele. Biagi estava armado com uma faca e ameaçou matar os filhos da dona de casa caso ela não o obedecesse.
“Já no outro imóvel, ele tentou reatar o relacionamento, mas a mulher não quis. Nesse momento, ele tentou esfaqueá-la. Porém, ela conseguiu se desvencilhar e deu um chute na genitália dele. Em seguida, pegou um objeto, que ela não se lembra o que é, e deu uma pancada na cabeça da vítima, que ficou desacordada na cama”, disse o delegado.
Com raiva, a suspeita pegou a mesma faca que o ex tinha usado para ameaçá-la e começou a desferir os golpes no tórax e na cabeça de Biagi. Depois do crime, ela fugiu e ficou escondida na casa de parentes até esta manhã.
“Provavelmente, ela deve ser indiciada por homicídio doloso, quando existe a intenção de matar. Porém, vai ser analisada a questão da legítima defesa. Como o flagrante já havia passado, a suspeita foi ouvida e liberada. Por enquanto, não vai haver pedido de prisão preventiva ou temporária”, disse Gil.
Homem morto já tinha sido preso pela Lei Maria da Penha
Ainda de acordo com o delegado, a suspeita já havia denunciado o ex-namorado duas vezes por agressões. Biagi, inclusive, já havia sido preso com base na Lei Maria da Penha. “A mulher já havia conseguido uma medida protetiva contra o ex-namorado. Ele não poderia se aproximar dela, mas não respeitou a decisão da Justiça”, finalizou Gil.
O advogado da suspeita contou que a cliente afirmou que matou para proteger os filhos dela. “Ele disse para a ex que, depois de matá-la, assassinaria os filhos dela e “sumir no mundo”. Ela ficou desesperada e perdeu o controle emocional”, explicou o advogado Ezequiel Dias Fraga.
Biagi e a dona da casa namoraram por cerca de três anos e estavam separados há três meses. A mulher pediu o fim do relacionamento depois de achar que o homem era perigoso. “Ele era ignorante com a minha cliente. Bebia e aprontava. Ela cansou, separou, mas o homem não aceitava”, disse Fraga.
Segundo o defensor, a mulher está na cidade com os filhos e não tem condições de falar, uma vez que está sedada. Ela vai responder ao processo em liberdade.
(O Tempo)
