DIA (DE) CRIANÇA – Marco Aurélio

Por que a infância é hoje tão tímida
Por que é uma data de eletrônicos para que sejam adultos
Quem aboliu a amarelinha, o pega-pega, a birosca, o pique-esconde
Porque as meninas estão tão sensuais
Enquanto os meninos são da vez bicho-homem
O quê há de errado com a infância
O quê há de errado em ser criança.

Não me escoro em bravatas naquele tempo, minha infância foi
Quero saber é dessas crianças do agora
Que rodam shoppings de mãos dadas como simplórios casais.

Chamem-nas de volta aos parques
Que deixem sua arte e sua graça pelos ares

Porque matar a idade pueril
Com trejeitos de maldade
Sexualidade, drogas, armas
Ostentação pra quê serve nessa fase.

Descreva – feliz dia das crianças
Para este que mais parece um chefe de gangue
Para a garotinha que possa de decepciona com o romance no Instagram.

Mamãe, papai; os socorram
Parem de exibir a molecada
Como parias e garanhões
Pois amanhã vovós
Teu neto será sete anos somente que o pai mais moço.

Absurdo! Absorto! Não pisemos o jardim.

Dê-lhes de volta a infância
Melhor presente não indicaria
Roupas de criança, horas de criança
Papo de criança, coisas de criança
Cabra-cega, pau na lata, vídeo-game
Casinha, cozinhadinha, ciranda
Idade e infância.

Com todos esses eletrônicos, sim
E nossos quintais reduzidos
Com nossos dias corridos
E as poucas horas com os filhos.

Basta criatividade e sorriso
Amor sem data
Acompanhar e vigiando
Os passos que lá vão eles brincando
Para se tornarem carinhas felizes
Ou pequenos adultos
Que não conhecem a infância
Nem sabem ser criança.

(Marco Mahsoliva)

[image src=”https://aconteceunovale.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/09/marco_aurelio_colunista.jpg” width=”220″ height=”220″ lightbox=”yes” align=”left” float=”left”]Ipatinguense, criado em Governador Valadares, Polícia Militar no posto de 2º Tenente lotado no 19º BPM e Bacharel em Direito com especialização em Ciências Jurídicas.

Escreve desde os treze anos, mas foi em 2005 que começou a escrever seus livros. Atualmente tem quatro livros de poesias, porém, devido as constantes mudanças por causa da profissão e carreira policial, ainda não os publicou.

Já teve trabalhos publicados em jornais das cidades onde já morou: Governador Valadares, João Monlevade e Paracatu. Também compõe crônicas e peças teatrais. Atualmente trabalha em “O Anúncio”, para o teatro.