UFMG está desenvolvendo projeto para tornar criação viável economicamente
Camarões – crustáceos tradicionais das águas quentes do Nordeste – poderão ser criados em Minas Gerais e entregues frescos direto ao consumidor ou supermercados. Professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo um projeto para tornar viável economicamente a produção de camarões fora do mar. A estimativa é que a implantação inicial do projeto custe, para o produtor, entre R$ 80 mil e R$ 100 mil.
Quem explica é o professor de maricultura do Laboratório de Aquacultura da Escola de Veterinária da UFMG, Kleber Campos Miranda Filho. “Acreditamos que o investimento compense, pois o preço do quilo do camarão congelado nos supermercados está em torno de R$80. E a criação pode ser feita até em pequenas propriedades, pois é possível uma produção entre 300 e 400 crustáceos por metro quadrado em pequenos tanques, com duas a três safras por ano. Estamos fazendo os testes em tanques parecidos com caixas d’água e estamos tendo sucesso”, explica o professor”.
Professor Kléber Filho (centro) quer criar pacote de serviços para produtor que quiser investir – Foto: Douglas Magno / Jornal O Tempo
Com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o próximo passo é criar estufas, já que não basta ter um ambiente aquático ideal. É preciso manter a temperatura quente como os camarões gostam.
Invenção
Os camarões da UFMG são da espécie marinha ‘Litopenaeus vannamei’, vindos de águas mexicanas. É o tipo mais cultivado no mundo, e precisa de águas em temperaturas mais quentes para sobreviver, como o mar do Nordeste – principal produtor de camarões brasileiros.
Para recriar o ambiente aquático ideal para que eles sobrevivam como se estivessem no mar, foi criada, nos Estados Unidos, uma tecnologia chamada “biofloco”, que é uma cultura de bactérias e protozoários que limpam os tanques e, ao mesmo tempo, alimentam os camarões. Essa tecnologia foi trazida ao Brasil pelo professor Wilson Wasielesky, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
O professor Kleber Campos, que é gaúcho, trouxe o experimento para Belo Horizonte, e desenvolve a pesquisa com a professora Cintia Nakayama. “A ideia é desenvolver um pacote de serviços de orientação e assistência técnica prestado por professores e alunos da UFMG voltado ao produtor que quiser investir em camarão”, afirma.
(O Tempo)