Poucos dias após o início do novo mandato de Donald Trump, os Estados Unidos deram início a operações de deportação em massa de imigrantes ilegais. Na noite de quinta-feira (23/1/2025), 538 pessoas foram detidas, e centenas foram deportadas em uma operação anunciada pela Casa Branca.
“A administração Trump deteve 538 imigrantes ilegais criminosos”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacando que “centenas” de deportações foram realizadas com o uso de aviões do Exército. Segundo Leavitt, trata-se da “maior operação de deportação em massa da história”, em cumprimento às promessas de campanha do presidente.
Durante sua campanha, Trump classificou a imigração ilegal como uma “emergência nacional” e, logo no primeiro dia de mandato, assinou ordens executivas para reforçar as barreiras à entrada de imigrantes no país.
Controvérsias e reações locais
A operação gerou repercussão em diversas localidades. O presidente da Câmara de Newark, Ras J. Baraka, afirmou em comunicado que agentes de imigração “causaram confusão num estabelecimento local, detendo residentes e cidadãos sem apresentar um mandado”.
Paralelamente, o Senado norte-americano, com maioria republicana, aprovou no dia da posse de Trump um projeto de lei que obriga as autoridades federais a deter imigrantes ilegais suspeitos de crimes específicos.
Justiça bloqueia medida sobre cidadania
Além das deportações, a administração Trump enfrentou um revés jurídico na quinta-feira (23), quando um juiz federal bloqueou temporariamente uma ordem executiva que negava a cidadania norte-americana a filhos de imigrantes ilegais.
A ordem assinada por Trump previa que crianças nascidas em solo americano após 19 de fevereiro, cujos pais estivessem ilegalmente no país, não teriam direito à cidadania. A medida também proibia órgãos federais de emitirem documentos que reconhecessem a cidadania dessas crianças.
No entanto, a decisão foi considerada inconstitucional com base na 14ª Emenda da Constituição, que garante cidadania a todos os nascidos nos Estados Unidos, direito assegurado desde 1868.
“Estou no meu cargo há mais de quatro décadas. Não me lembro de outro caso em que a questão apresentada fosse tão clara como neste”, declarou o juiz distrital John Coughenour. “Esta é uma ordem flagrantemente inconstitucional”.
O bloqueio judicial é temporário e terá validade de 14 dias, período em que novas argumentações serão apresentadas pelas partes envolvidas.
Contestação nacional
A ordem executiva de Trump gerou protestos e ações judiciais em todo o país. Pelo menos 22 estados e diversas organizações de defesa dos direitos dos imigrantes entraram com processos contra a medida, que é vista como uma tentativa de restringir ainda mais os direitos dos imigrantes e seus descendentes.