Agente penitenciário era chefe de grupo criminoso no Vale do Rio Doce, diz promotor

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Três irmãos que atuavam como agentes penitenciários, um Policial Civil (PC) e um Policial Militar (PM) da reserva são suspeitos de integrarem uma quadrilha que praticava o comércio ilegal de armas de fogo e munições em Governador Valadares, na região do Rio Doce. Os cinco foram alguns dos alvos da operação “Bout”, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e deflagrada na manhã desta sexta-feira (23) em parceria com a PC e a PM da cidade.

A operação, cujo nome faz referência à Viktor Bout, mercador russo que deu origem ao filme “O Senhor das Armas”, é um considerada um desdobramento da operação “Consórcio”, deflagrada em 3 de dezembro do ano passado contra o tráfico ilícito de entorpecentes. Na época foram realizadas buscas na casa de dois dos irmãos que são agentes penitenciários, sendo que foram apreendidos celulares.

“Durante a perícia nos aparelhos descobrimos que os dois, na verdade, realizavam intensa negociação de armas de fogo e munições por meio do aplicativo WhatsApp, sendo que o modus operandi nos chamou a atenção: em razão de serem agentes penitenciários, eles tinham acesso fácil a armas de fogo e confeccionavam boletins de ocorrência como se a arma tivesse sido furtada. Em alguns dos casos, a arma era de carga do Estado”, explicou o promotor Evandro Ventura, que coordenou as investigações.

Coletiva de imprensa foi realizada em Valadares (Foto: Éderson Ferreira/DRD)

Nos boletins de ocorrência das armas que seriam vendidas no mercado negro, os suspeitos se colocavam como testemunhas, para garantir que ninguém desmentiria a versão. Ao todo os suspeitos já teriam vendido pelo menos 30 armas desde o início do ano. “Dentre os agentes, um deles era o alvo principal, o cabeça do esquema. O patrimônio dele era absolutamente incompatível com o seu ganho, haja vista que recebia cerca de R$ 4 mil por mês e possuía duas caminhonetes, uma casa luxuosa além de sítios na região”, lembra o promotor.

Este agente, que não teve o nome ou idade divulgado, trabalha no sistema prisional há mais de dez anos, ainda conforme o MPMG, tendo trabalhado na Penitenciária Francisco de Paula e no Presídio Regional de Valadares. “Desde o início deste ano ele recebeu um laudo psiquiátrico dizendo que não poderia manejar arma de fogo e nem ter contato com presos, passando a ser lotado no canil do sistema. Contudo, esse ajustamento era apenas uma forma de diminuir sua carga de trabalho, já que ele continuava tendo contato com armas e as vendendo”, continua Ventura.

Família

Dos 16 mandados de busca e apreensão cumpridos nesta sexta, seis eram para o alvo principal e outros cinco irmãos dele. Além disso, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, um contra o cabeça do esquema e outro contra seu irmão, também agente.Também foram realizadas buscas na casa de um policial Civil e um PM da reserva.

“Na casa do militar foram apreendidas quatro armas e quatro coletes balísticos sem registro, sendo que uma das armas era de uso restrito”, complementa o promotor Evandro Ventura. Além dos mandados de prisão, a Justiça concedeu ainda o pedido de afastamento dos três irmãos que são agentes penitenciários e o bloqueio de bens de sete dos envolvidos.

PM apreendeu veículos do grupo criminoso em GV (Foto: Rodrigo Barreto/Inter TV dos Vales)

(Fonte: O Tempo/José Vitor Camilo)

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