Comunidades quilombolas do Norte de Minas recebem qualificação profissional e empreendedora

0

Uma parceria entre a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) e a Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) viabiliza cursos de capacitação para qualificar a produção e potencializar a comercialização dos produtos artesanais produzidos por comunidades quilombolas no Território Norte.

Os biscoitos de polvilho e as quitandas da dona Paula Cardoso de Oliveira, 52 anos, por exemplo, serão um dos beneficiados com a profissionalização da atividade por meio do contrato. Até então eles eram produzidos para consumo apenas da comunidade, onde ainda está viva a prática do escambo – que consiste na troca de alimentos entre os moradores.

Os quitutes, que trazem em seu sabor as memórias de diversas gerações da Comunidade Quilombola Caxambu, na zona rural de Varzelândia, no Território Norte, alimentam muitas famílias da localidade.

“Eu faço biscoito de polvilho, a vizinha faz uma broa e a gente troca. Quando tem algum festejo, como o de Santa Luzia, que acontece em dezembro, a gente gosta de servir os biscoitos com café para as pessoas”, conta dona Paula.

No entanto, a dona de casa não tem dúvidas de que suas receitas, que levam ingredientes simples, como polvilho, leite e ovos, agradam o paladar de quem as degusta.

A partir de agora, a ideia é a de que os biscoitos caseiros da dona Paula sejam preparados e acondicionados em ambiente adequado, com embalagens e etiquetas contendo informações básicas nutricionais, contribuindo para o sustento de toda a família.

A alternativa de ganhar dinheiro com os quitutes trouxe esperança de geração de renda entre as famílias da comunidade quilombola.

Quilombolas recebem cursos de qualificação e empreendedorismo (Divulgação/Sedese)

Cursos e site

A parceria entre Sedese e Utramig beneficia outras comunidades, como as ribeirinhas de Almenara, no Território Médio e Baixo Jequitinhonha; e maxakalis de Teófilo Otoni, no Território Mucuri.

A iniciativa conta com recursos da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Governo Federal, e, segundo o subsecretário de Trabalho e Emprego da Sedese, Antônio Lambertucci, o contrato prevê ainda a implantação de um site de divulgação dos produtos para promover a comercialização.

“Não será um site de e-commerce. O portal vai disponibilizar tudo o que é produzido tanto nas comunidades quilombolas, quanto nas ribeirinhas e maxacalis”, antecipa Lambertucci.

Classificados como empreendedores, os grupos compostos pelas famílias recebem cursos de qualificação produtiva da Utramig nas áreas de piscicultura, panificação, artesanato, agricultura familiar, avicultura e vestuário, com carga horária de 90 horas. Ao todo, 50 empreendimentos estão sendo capacitados no estado, totalizando mil pessoas atendidas.

Enfrentamento da pobreza

De acordo com a diretora da Utramig, Vera Victer, o estado quer chegar a todos por meio das políticas sociais. “Estamos ouvindo as pessoas para identificar o que as comunidades produzem, e, a partir disso, vamos apoiar essas atividades”, diz.

O perfil das comunidades e as características das regiões foram levados em consideração na elaboração do plano de trabalho, tendo em vista a situação de vulnerabilidade econômica de cada uma.

A iniciativa integra o conjunto de políticas do Plano Novos Encontros, lançado pelo Governo de Minas Gerais como estratégia de enfrentamento da pobreza no campo. Coordenado pela Sedese, o programa prevê investimentos de R$ 1,3 bilhão até 2018 em todos os 17 Territórios de Desenvolvimento do estado. (Agência Minas)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui