Artesanato mineiro chama atenção pela importância cultural e força econômica

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O fortalecimento do empreendedorismo entre os artesãos mineiros e o incentivo às organizações coletivas têm facilitado a comercialização da produção artesanal e permitido inclusão social, geração de trabalho e renda. Ações do Governo do Estado e outros parceiros têm dado impulso ao segmento, que chama atenção pela importância cultural e pela força econômica.

Os números mostram a força desta atividade econômica. No estado existem cerca de 300 mil artesãos e toda a cadeia produtiva movimenta cerca de R$ 2,2 bilhões por ano em Minas Gerais.

O artesanato gera negócios e identifica os costumes de cada território mineiro e, muitas vezes, é preciso persistência e suporte para manter a tradição. No município de Rio Piracicaba, região Central de Minas, por exemplo, um grupo de artesãs se juntou para resgatar uma prática antiga da localidade: o artesanato feito com fibra de taboa.

Artesanato típico do Vale do Jequitinhonha (Foto: Ronaldo Lima/Agência Minas)

Segredos da tradição

O interesse em trabalhar com a taboa surgiu depois que as artesãs aprenderam os segredos da atividade em um curso oferecido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), em parceria com Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

A taboa é uma planta existente nos brejos, com folhas longas de coloração verde-escuro. Após o processo de secagem, elas passam a ter uma cor amarelo-esverdeada. A planta, encontrada com facilidade no município de Rio Piracicaba, era, no passado, muito utilizada na fabricação de esteiras para camas e na confecção de travesseiros.

Segundo a extensionista da Emater-MG Ana Maria da Silva, a fibra de taboa é obtida por meio da poda das folhas. “Após esse processo é realizada a secagem em local arejado e bem ventilado para evitar mofo nas folhas. Depois, a fibra já está no ponto de ser trabalhada”, explica.

Nas mãos das artesãs de Rio Piracicaba, a taboa se transforma em peças utilitárias e decorativas, como cestas, caixas, artigos para cozinha e festas. Os produtos são vendidos na sede do grupo e também são comercializados em Belo Horizonte. As peças ainda são apreciadas por clientes do Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Gestão da qualidade

A Emater-MG realiza o monitoramento das ações do grupo, orientando na gestão social, qualidade do produto, identificação e estudo de mercado para escoar a produção. “Com o apoio de parceiros, buscamos a possibilidade de implantação de projetos que possam fomentar a atividade e também promover o desenvolvimento da comunidade local”, diz Ana Maria da Silva.

“Eu nunca havia trabalhado com a taboa. Mas não foi difícil aprender. O material é fácil de manusear”, afirma Maria de Fátima Almeida, uma das artesãs do grupo. Ela conta que a atividade tem ajudado a melhorar a renda familiar e a qualidade de vida das integrantes do grupo.

Depois de participar de projetos de capacitação sobre empreendedorismo, a equipe de artesãs também conquistou o Selo de Qualidade do Artesão.

Folha da taboa é base do artesanato em Rio Piracicaba (Foto: Erickson Aranha)

Expansão de mercado

O incentivo à participação e à realização de feiras nacionais e internacionais que promovem a atividade dos artesãos mineiros é uma das linhas de fomento do setor. Esse trabalho é feito por entidades e órgãos parceiros, como as secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor), de Cultura (SEC), de Turismo (Setur), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG) e Emater.

”A maior dificuldade do artesão hoje é o escoamento da produção e, por isso, a demanda é pela abertura de canais de comercialização. Com esses parceiros estamos sempre criando oportunidades de expansão de mercado”, afirma o coordenador de Artesanato da Sede, Thiago Tomaz.

Em 2015, foram realizados 13 eventos regionais e nacionais, entre feiras, eventos e exposições, que divulgaram o trabalho de 4.417 artesãos mineiros e movimentaram mais de R$ 1 milhão.

Em 2016, só na 17ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Feneart), que aconteceu no mês passado, em Recife, foram comercializados nos espaços do Governo de Minas Gerais e do Sebrae mais de R$ 600 mil.

Visibilidade

A participação na Feneart beneficiou 350 artesãos de 38 municípios, a maioria das regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais. Um dos destaques da feira foi o artesanato do Vale do Jequitinhonha famoso pelas peças em cerâmica, trabalhos traçados em couro e flores secas.

As peças dos artesãos do Vale do Jequitinhonha, identificáveis pelas características marcantes, já ganhou o mundo graças a projetos de promoção do setor por meio de feiras nacionais e internacionais.

“É uma forma de incentivar a comercialização dos produtos e levar a nossa cultura para outros estados e até para fora do país”, pontua Marina Magalhães, coordenadora do programa Artesanato em Movimento do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), órgão executor da Sedinor.

As feiras dão visibilidade ao trabalho dos artesãos e é onde são fechados negócios e feitos contatos para futuras encomendas. A artesã de Taiobeiras, Cláudia Miranda, e os colegas sempre criam expectativas de boa comercialização.

“O artesanato do Norte de Minas Gerais e do Vale do Jequitinhonha está cada dia melhor. Temos evoluído no nosso trabalho com o apoio do Sebrae, do Idene, e sempre esperamos um bom resultado nas feiras”, diz Cláudia.

Serviço

O programa Artesanato em Movimento da Sedinor/Idene tem a finalidade de contribuir para o reforço da imagem e identidade do artesanato do Norte e Nordeste de Minas Gerais. Além disso, promove oficinas de reciclagem. Mais informações no site www.sedinor.mg.gov.br, pelo telefone (31) 3915-5131 e pelo e-mail marina.silva@idene.mg.gov.br.

A Emater-MG presta assistência técnica às atividades cooperativas com o objetivo de promover ações que possibilitem a organização de agricultores familiares para a comercialização coletiva dos produtos da agroindústria e do artesanato. Saiba mais em www.emater.mg.gov.br.

Já a Secretaria de Desenvolvimento Econômico é responsável por realizar o cadastro e emissão da Carteira Nacional do Artesão e do Trabalhador Manual. O documento é um registro no Sistema de Informação Cadastrais do Artesanato Brasileiro e facilita a participação em eventos especializados.

Os interessados em conhecer mais sobre a Coordenação de Artesanato da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico podem acessar outras informações no site www.desenvolvimento.mg.gov.br ou ligar para (31) 3915-2938.

(Agência Minas)

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