Passageiros denunciam práticas abusivas de taxistas em Governador Valadares

0

Após sair de um bar numa madrugada de sábado, o arquiteto André Pinho ficou surpreso ao entrar no táxi que havia chamado. Antes mesmo de deixar o lugar, o taxímetro já contabilizava R$ 15. “Eu me espantei e questionei o taxista. Ele disse que passa a cobrar a partir do momento em que sai do ponto dele. Acontece que isso não foi avisado antes e eu não aceitei, está errado. Fui discutindo com ele durante todo o caminho e no final ele me deu um ‘desconto’. Mas a verdade é que continuava mais caro do que se ele tivesse ligado o taxímetro só depois que eu entrei no táxi”, revela.

A situação tem ocorrido com frequência em Governador Valadares e é do conhecimento do Sindicato dos Taxistas da cidade. O presidente Antônio Fernandes Neves aponta que os taxistas têm adotado essa prática para não terem prejuízo. “O dono do táxi não sofre tanto, mas o auxiliar paga ao dono por quilômetro rodado. Então se ele sai do Bairro São Paulo para buscar alguém no Bairro São Pedro, ele vai pagar por esse percurso, por isso ele liga o taxímetro desde o momento que sai do ponto, que é para não trabalhar de graça. Já recebemos ligações reclamando disso, mas o Sindicato não tem poder de punir. O que a gente aconselha é dialogar com o usuário para não ter problemas”, aponta o Antônio Neves.

No entanto, o diálogo proposto pelo Sindicato não parece ser aplicado. Assim como aconteceu com o arquiteto, a servidora pública Raquel Berto também foi surpreendida com o preço alto antes mesmo da corrida começar. “Eu ia viajar cedo com minha família e no dia anterior combinei com um taxista de nos buscar às quatro da manhã e levar ao aeroporto. Quando entrei no carro o taxímetro já estava em R$ 15, ele disse que passou a cobrar assim que saiu de casa. Não fiquei chateada nem pelo dinheiro em si, mas pela forma que ele fez, não avisou nada. Eu até aceitaria pagar mais devido ao horário, mas tudo tem que ser conversado primeiro”, desabafa a servidora.

Raquel ainda conta que tentou conversar sobre o valor durante o trajeto, mas o taxista não abaixou o preço e a tratou com grosseria. Para a advogada de direito do consumidor, Élita Souza, a prática adotada por taxistas da cidade é ilegal. “Você paga aquilo que você usufrui do serviço, por isso o taxímetro tem que ser ligado no momento em que o cliente entra no carro. Não pode ser obrigado a pagar por um serviço que não foi usado. Quando isso ocorrer, e o taxista se recusar a zerar o taxímetro no início da corrida, o ideal é acionar a polícia e registrar um boletim de ocorrência”, explica a advogada.

Ainda de acordo com a especialista, para não ficar como devedor, o consumidor pode pegar os dados do taxista presente no registro policial e ir ao Juizado Especial e fazer um depósito em juízo com o valor considerado adequado. “Daí, após o depósito, o cliente pode, inclusive, abrir um ação pedindo indenização e o taxista não vai poder alegar que não recebeu o serviço”, acrescenta.

Élita Souza ressalta que em casos em que o profissional informe antecipadamente que irá ligar o taxímetro a partir do ponto de onde se encontra, aí não cabem tais medidas, pois se trata de uma combinação entre ambas as partes. “Se o cliente não concordar, basta não solicitar a corrida. Mas se há o comum acordo, então está tudo bem”, conclui.

(Fonte: G1 Vales de Minas Gerais/Zana Ferreira)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui