Número de acidentes com linha de cerol cresce em Minas Gerais no período de férias

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Com a chegada das férias de julho e dos ventos típicos da época, é comum ver crianças e adolescentes soltando pipas em parques, campos de futebol e também nas ruas das cidades. No entanto, a prática, que era para ser apenas diversão, pode matar. Quedas de lajes, atropelamentos e cortes de linha com cerol são acidentes frequentes.

O motociclista Thiago Pires, pai de duas crianças, foi uma das vítimas do cerol e considera ter sido salvo por um milagre. Ele trafegava pelo Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, com a antena protetora na moto, mas ainda assim teve o pescoço cortado de fora a fora. Thiago chegou ao hospital quase morto, mas conseguiu se recuperar. Quem passa pelo que ele passou, dificilmente sobrevive pra contar sua história.

“Eu já estava muito devagar, tentei reduzir para tentar pegar (a linha) com a mão, mas não consegui. A linha baixou, parece que um carro puxou ela no sentido contrário, e cortou o meu pescoço. Quando eu coloquei a mão na ferida, a mão entrou dentro do meu pescoço e aí veio o desespero. Pensei que não tinha mais jeito”, relembrou.

De acordo com Thiago Pires, a falta de uma punição adequada faz com que as pessoas não se intimidem e continuem usando o cerol tranquilamente. As pessoas não têm medo nenhum, temor nenhum, porque não tem nenhum tipo de punição. E vão para beira de BRs, onde não tem fiação que protege da linha, onde não tem nada, e com cerol. Fazem isso como se estivessem fazendo a melhor coisa do mundo, mas tira vidas. É uma máquina de matar”, analisou o motociclista. “Foi muito grave, porque tive uma das principais veias, a jugular, cortada”, acrescentou.

Atualmente, tramita na Assembleia de Minas uma proposta, originalmente apresentada em 2013, para proibir o uso da linha chilena. No entanto, o estado tem uma lei de 2002 que proíbe o uso de linha com cerol e prevê multa de R$ 100 a R$ 1500 reais, com destinação do dinheiro para o Fundo para a Infância e Adolescência. Catorze anos depois, ninguém conhece a legislação e muito menos a fiscalização. Para muitos jovens, soltar papagaio sem o cerol ou a linha chilena não tem graça.

“É difícil, mas se não for (o cerol) você vai perder o papagaio”, disse um rapaz, que diz que já jamais passou por qualquer tipo de fiscalização. “Nenhuma (fiscalização). De vez em quando passam alguns policiais aqui, mas não fazem nada não”, admitiu o jovem.

Balanço

Segundo a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), somente neste ano foram registrados no Hospital Pronto Socorro João XXIII 25 casos de acidentes com linha de cerol até o dia 24 de julho, contra 32 no mesmo período do ano passado. O mapa estatístico mostra que o número de ocorrências aumenta consideravelmente nos meses de janeiro, junho e julho.

A Polícia Militar informou que tem recolhido as linhas com cerol e qualificado os envolvidos. Em caso de vitimas, como motociclistas feridos, é registrada ocorrência como lesão corporal e, em caso de óbito, lesão corporal seguida de morte. O trabalho de fiscalização, segundo o capitão Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, é feito pelas viaturas de área.

O motociclista Thiago Pires foi vítima de uma linha de cerol (Foto: Divulgação)

(Fonte: Rádio Itatiaia)

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