População de Belo Oriente exige reabertura de hospital

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Autoridades e lideranças de Belo Oriente (Rio Doce) e da região reivindicaram do Governo do Estado a reabertura do Hospital Jaques Gonçalves Pereira, situado em Cachoeira Escura, distrito desse município. Elas participaram de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta quarta-feira (30/3/16). Mesmo entendendo a ansiedade da população quanto à urgência no atendimento, os representantes do governo confirmaram o interesse do Estado de reativar a unidade, mas não precisaram uma data para que isso se realize.

O deputado Celinho do Sinttrocel, que solicitou a audiência pública, lembrou que, desde o ano passado, tem feito contatos com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), especialmente com o secretário Fausto Pereira, para tentar solucionar o problema. Ele lembrou que foi celebrado um convênio em 2015 com a Fundação Francisco Xavier, de forma que essa entidade filantrópica possa ser a gestora do hospital de Belo Oriente. A fundação já administra o hospital Márcio Cunha, em Ipatinga. Segundo o parlamentar, autoridades e população locais tem defendido essa proposta de gestão, com custeio dividido entre a fundação e os Governos do Estado e Prefeitura.

Para Celinho, a reabertura da unidade hospitalar ajudaria a minimizar o déficit de 400 leitos hospitalares na região e aliviar o sofrimento da população local e de municípios próximos como Periquito, Naque e Braúnas, todos no Rio Doce. “A realidade do Vale do Aço, a segunda região metropolitana do Estado, é de superlotação”, reclamou. Ele apelou ao governo para que reabra o quanto antes o hospital. “A unidade está toda reformada, por meio de investimentos do atual governo e do anterior”.

O prefeito de Belo Oriente, Pietro Chaves Filho, registrou que o Hospital Jaques Gonçalves Pereira teve sua construção iniciada há mais de 20 anos, começando a funcionar em 2004. Em 2012, por falta de recursos, a unidade foi fechada. No ano seguinte, foi firmada parceria com o Governo do Estado para reforma e ampliação no valor de R$ 4 milhões, ampliando-se os leitos de 36 para os 50 atuais.

Pietro defendeu a reserva de 25 desses leitos para longa permanência e ainda para receber os pacientes de urgência e emergência do Samu. Ele se comprometeu a investir na unidade o mesmo percentual sobre o orçamento municipal que investem os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo, na Região Metropolitana do Vale do Aço. Salientou que Belo Oriente conta com mão de obra qualificada, pois o município investiu na formação de médicos, enfermeiros, técnicos enfermagem e de radiologia, entre outros profissionais úteis a um hospital. “A reabertura do estabelecimento não é um sonho só do prefeito e dos vereadores, mas de toda população da região”, concluiu.

Reabertura do hospital é tema de audiência pública (Foto: Reprodução)

Gestora do governo visitará unidade em abril

Questionada pelo deputado Doutor Jean Freire quanto a data da visita do governo a Belo Oriente e o prazo para reabertura do hospital, a superintendente de Redes de Atenção à Saúde (SES), Ana Augusta Pires Coutinho, deu alguns esclarecimentos. Ela informou que, ainda na primeira quinzena de abril, realizará a visita, com o objetivo de fazer levantamentos para verificar pendências que ainda impedem o funcionamento do hospital, como por exemplo: segurança do prédio, inspeção do Corpo de Bombeiros, infraestrutura atual, necessidades de medicamentos para o atendimento, entre outros. Com a vistoria, disse, também se pretende definir o melhor perfil para o hospital. “Nosso compromisso é ofertar o que é necessário para a população”.

Ainda de acordo com Ana Coutinho, é fundamental definir a participação de cada parceiro no custeio do hospital. “O acerto do valor de custeio depende do tipo de paciente que o hospital vai atender”, explicou. Ela destacou que, em 2014, o hospital de Belo Oriente teve uma demanda de 1400 internações.

Em relação ao prazo para reinaugurar o estabelecimento, disse que não é possivel precisar a data, mas que entende a necessidade da população. “Estamos nos organizando, planejando e tomando providências para reabri-lo, mas tudo tem que ser feito de forma responsável”, reafirmou.

Comentando a fala do prefeito, Ana Coutinho questionou se a destinação de 25 leitos para longa permanência não travaria outros atendimentos como o de cirurgia eletiva, de pacientes clínicos ou de urgência. “Queremos que o hospital seja oportuno para a necessidade de saúde daquela região”, frisou.

Reconstrução da rede – Em reforço às palavras da gestora Ana Coutinho, o superintendente regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Wagner Rodrigues Barbalho, destacou que o Governo de Minas está trabalhando na reconstrução da rede de hospitais do Vale do Aço. “Nosso objetivo é ampliar o número de leitos, mas com qualidade. Sobre o hospital de Belo Oriente, ele enfatizou: “Precisamos sair daqui com a certeza de que o hospital será reaberto, mas não podemos dar um prazo para isso”.

Fundação filantrópica quer gerir hospital

O médico José Carlos de Carvalho Gallinari, assessor de Relações Institucionais da Fundação São Francisco Xavier, lembrou que a entidade foi uma das responsáveis pela reforma do hospital. “Nossa fundação recuperou o estabelecimento, que está praticamente pronto. Há algumas necessidades sanitárias e estruturais, mas que não demandariam muito tempo”, esclareceu. Ele reforçou que o escopo de atendimento previsto é de 50 leitos, sendo 25 para longa permanência e 25 para cirurgias eletivas de média complexidade e outras necessidades.

Gallinari enfatizou que a Fundação São Francisco Xavier já administra o Hospital Márcio Cunha, fundado há 50 anos e que oferece 530 leitos. Segundo o médico, a unidade é uma das melhores de Minas Gerais, sendo uma das poucas com certificação internacional. “Queremos transferir todo esse know how para o hospital de Belo Oriente. Buscamos um projeto ‘ganha-ganha’ e que a população tenha um atendimento de qualidade”, afirmou.

Parlamentares – Vários parlamentares pediram que o governo acelere os estudos para reativar o Hospital de Belo Oriente o quanto antes. A deputada Rosângela Reis (PV) acrescentou que o atendimento no novo hospital deverá ser de qualidade e em boas condições. Já Celise Laviola (PMDB) defendeu a luta da população em prol do hospital. “ O secretário Fausto disse que vai reabri-lo. Temos que acreditar, mas continuar brigando para que isso aconteça, porque nossa região precisa muito dessa unidade”.

Já o presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), avaliou que a ausência de atendimento em Belo Oriente acaba aumentando o sofrimento das pessoas do Vale do Aço. “O que ocorre é que, se o cidadão não é atendido em Belo Oriente, tem que ir para Ipatinga, e muitas vezes, nem nessa cidade consegue uma vaga”, disse. Ele chamou a atenção para a qualidade dos leitos que deverão ser criados. Para o deputado, se simplesmente, forem acrescentados leitos sem resolutividade, o prefeito e os gestores do hospital vão ter mais esse ônus para administrar.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) parabenizou a comunidade local por vir a ALMG reivindicar. “É mesmo necessário que a população reaja, pois na saúde pública se instalou o caos. Espero que saiamos desta reunião com algum encaminhamento, alguma resposta a esse anseio da comunidade”, declarou.

População – Bruno de Almeida Amaral, que é médico em Belo Oriente, afirmou “sentir na pele as dificuldades que o povo enfrenta naquela cidade. “Não consigo entender por que esse hospital não é reaberto, se o estado já gastou mais de R$ 4 milhões na reforma. Peço ao Estado que olhe com mais carinho para o povo de Belo Oriente. A situação é de calamidade!”, alertou. Durante a reunião, vários vereadores locais fizeram apelos ao Governo de Minas para que agilize os procedimentos para reabrir o hospital.

(Fonte: ALMG)

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