Queda de avião mata ex-presidente da Vale e mais seis pessoas em São Paulo

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O Corpo de Bombeiros confirmou a morte das sete pessoas que estavam a bordo do avião de pequeno porte, de prefixo PRZRA, que caiu em uma residência no bairro da Casa Verde, zona Norte da capital paulista. Eram seis passageiros e o piloto. Uma pessoa que estava na casa, localizada na Rua Frei Machado, foi levada para o Pronto-Socorro da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo.

Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o avião caiu às 15h23, após decolar às 15h20. O local atingido fica próximo à Avenida Braz Leme e ao Aeroporto Campo de Marte, que opera com aviação geral, executiva, táxi aéreo e escolas de pilotagem.

De acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação (Anac), o avião é turbo hélice, com capacidade para sete passageiros, registrado em nome de Roger Agnelli, de 56 anos, ex-presidente da Vale.

Avião caiu no bairro da Casa Verde (Foto: Futura Press)

Agnelli estava acompanhado da família: a esposa Andréia, os filhos João e Carolina, a nora, o genro e o piloto. Eles estavam a caminho do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde eram esperados para um casamento de um sobrinho do executivo.

Roger foi o responsável pelo processo de internacionalização da Vale, o que a tornou a segunda mineradora do mundo. O empresário comandou a empresa entre 2001 e 2011. Durante a crise econômica mundial de 2008, ele entrou em conflito com o governo ao demitir milhares de pessoas, o que provocou a ira do então presidente Lula. Mas o executivo não recuou. Antes de assumir a presidência da Vale, Roger trabalhou no Bradesco, onde chegou muito jovem. O Bradesco é um dos principais acionistas da mineradora, que foi privatizada em 1996.

Em setembro de 2011, durante a cerimônia em que receberia um prêmio em Nova York, a presidente Dilma Rousseff teve uma surpresa: recebeu uma rosa. Mostrando que não guardava mágoas por ter saído da presidência da Vale por pressão do governo, Agnelli pegou uma flor de um arranjo e entregou à presidente. No começo de 2015, ele chegou a ser cotado para substituir Graça Foster no comando da Petrobras.

Agnelli estava no avião (Foto: Reuters/Suzanne Plunkett)

Currículo

Durante os 10 anos em que Roger Agnelli presidiu a Vale, a companhia se consolidou como a maior produtora global de minério de ferro e a segunda maior mineradora do mundo. Foi durante sua gestão que a Vale adotou uma estratégia de expansão global, comprou a mineradora canadense Inco, se tornando a segunda maior produtora de níquel do mundo, e também a Fosfértil, que fez da empresa um importante player no mercado de fertilizantes. Roger soube tirar proveito do superciclo da mineração e do aumento da demanda chinesa por minério de ferro e adotou uma nova política de reajuste do preço que levou a Vale a um novo patamar no mercado global de minério. Durante a gestão de Roger, as ações da empresa registraram uma valorização de 1.583%.

Formado em Economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Agnelli desenvolveu sua carreira profissional no Grupo Bradesco, onde trabalhou de 1981 a 2001. Em 1998, Roger assumiu a posição de diretor-executivo do Banco Bradesco, onde permaneceu até 2000, ano em que se tornou Presidente e CEO da Bradespar. Antes de ser escolhido como diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli foi presidente do Conselho de Administração da empresa. Ele também foi membro do conselheiro de administração de importantes empresas do país e no exterior, entre elas Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Latasa, Suzano Petroquímica, Brasmotor, Rio Grande Energia, VBC Energia S.A., Duke Energy, Spectra Energy, entre outras. Em 2012, Roger Agnelli foi escolhido pela “Harvard Business Review” e o Insead como o quarto CEO com melhor desempenho no mundo e único brasileiro no ranking.

Após deixar a Vale, Roger Agnelli fundou a AGN, uma holding com projetos na área de mineração, logística e bioenergia.

Avião caiu no bairro da Casa Verde (Foto: Renato Mendes/Sigma/Estadão Conteúdo)

Tragédia

O avião decolou às 15h20 e caiu três minutos depois, na altura do número 110 da Rua Frei Machado, no Jardim São Bento. Pouco tempo depois, o Corpo de Bombeiros enviou 15 viaturas ao local. Quarenta e cinco homens trabalharam no resgate. A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou uma equipe ao local para verificar as condições que levaram ao acidente. Até as 20 horas, não havia informações sobre o que ocorreu. O Corpo de Bombeiros ainda mantinha cinco viaturas no local.

O proprietário da casa, Armando Carrara, de 65 anos, estava no terraço brincando com o neto de jogar dados quando foi avisado pelo genro de que um avião ia bater na casa. “Eu não vi nada. Só escutei gritando comigo. Peguei meu neto pelos braços e corri para o fundo da casa”. Segundo ele, os automóveis da família foram todos destruídos pelas chamas do avião, que bateu em um muro do sobrado e caiu na garagem.

Segundo o major do Corpo de Bombeiros Hengel Pereira, “Poderia ter sido muito pior. Por mais triste que seja, o resultado foi o menor possível”, afirma. O veículo bateu na garagem da casa e afetou a estrutura do imóvel. A casa foi interditada pela Defesa Civil por risco de cair. As operações no Campo de Marte foram suspensas no momento.

Avião caiu no bairro da Casa Verde (Foto: Divulgação)

Avião caiu no bairro da Casa Verde (Foto: Divulgação)

Avião caiu no bairro da Casa Verde (Foto: Divulgação)

(Fonte: Agência Brasil / Agência Estado / Estado de Minas)

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