Agricultores mineiros lucram com produtos agroecológicos certificados

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Bruno Santana Moreira é produtor de morangos em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto e, em setembro deste ano, recebeu a certificação de produtos de origem vegetal Sem Agrotóxico (SAT) concedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Com produção média de 14 mil quilos da fruta por ano, o agricultor já viu o preço do seu produto aumentar após a certificação.

“Novos mercados estão se abrindo. Antes da certificação vendíamos a caixa de morangos com quatro bandejas de 250g a R$ 12 cada e agora vendemos a R$ 15”, diz. De acordo com o produtor, 30% das vendas são realizadas diretamente no sítio e os 70% restantes para clientes em Cachoeira do Campo, Ouro Preto e Mariana.

Bruno Santana é o mais recente produtor a receber o selo SAT. Ele se junta a outros 22 produtores mineiros que, ao longo dos últimos anos, também receberam a certificação de produção agroecológica, um modelo de cultivo sustentável que utiliza tecnologia de ponta, ao mesmo tempo em que dispensa o uso de agrotóxicos. Este selo é mais uma ação do IMA  para garantir, cada vez mais, a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores.

O IMA é o único órgão público do Brasil que possui um programa de certificação de produtos agroecológicos nestes moldes, informa o engenheiro agrônomo e fiscal agropecuário Lucas Guimarães, responsável pela condução do programa na Gerência de Certificação do Instituto. Já receberam o certificado produtores de hortaliças, frutas, cereais, café e cachaça produzidos em diferentes municípios mineiros.

Produtos agroecológicos não trazem benefícios somente para consumidores. Produtores também saem ganhando. Para começar, podem aumentar sua renda, pois estes produtos chegam a obter preços até 30% maiores no mercado em relação aos demais.

Além da remuneração maior, o produtor que tem o selo  SAT pode participar de processos licitatórios do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal, conhecido como programa de merenda escolar e, também,  do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos  da agricultura familiar  com dispensa de licitação.

Para obter a certificação SAT é necessário que o produtor cumpra uma série de normas como comprovar a produção sustentável dos alimentos, respeitar e preservar o meio ambiente, ter boas práticas agrícolas como, por exemplo, fazer o registro das atividades de manejo  de acordo com recomendações técnicas, além de respeitar as questões sociais, como os direitos trabalhistas dos empregados nas propriedades rurais.

O IMA é o único órgão público do Brasil que possui um programa de certificação de produtos agroecológicos nestes moldes – Foto: L.Guimarães / Divulgação IMA

Veterano

Jaime de Sena Gonzaga também é produtor e se prepara para receber a terceira certificação SAT, agora para banana passa desidratada, cuja produção ainda está em fase experimental. Há dois anos ele recebeu o selo SAT para  banana prata e feijão cultivados no Sítio Terra, numa área de 9,4 hectares em Nova Porteirinha.

Após a certificação, Gonzaga diz que sua vida mudou e que os negócios prosperaram. Entre as principais mudanças, cita o empenho dos trabalhadores do sítio no dia a dia. “Todos estão satisfeitos porque sabem que estão trabalhando com culturas que não utilizam agrotóxicos e utilizando um modelo de produção que respeita o meio ambiente”.

Gonzaga explica que enquanto o quilo da banana prata custa R$ 0,70 no mercado, ele vende a mesma fruta com o selo SAT por R$ 1,50. Hoje sua produção é de 8 toneladas por mês. A ideia é se unir a outros produtores de banana da região e criar um pool com o objetivo de fomentar os negócios no mercado.

O produtor acrescenta que se não fosse o incentivo do IMA não teria obtido a certificação e obtido ganhos. “Muitos veem o Instituto apenas como órgão fiscalizador, que é o seu papel. Mas  o IMA é mais que isso, tem o papel educador e de fomento também. A todo momento, recebi apoio e orientações para melhorar meus negócios. Por isso, sou muito grato ao IMA”.

Daniel Cardoso Ribeiro é produtor de olerícolas – rúcula, alface e tomate. Ele participa  do Programa de Apoio à Regularização da Agroindústria Familiar de Pequeno Porte realizado pelo IMA e  obteve a certificação SAT para seus produtos há um ano e meio.

Ele conta que em apenas um ano com a certificação começou a sentir as mudanças,  principalmente em relação ao apelo comercial dos produtos e sua diferenciação frente à concorrência no mercado. “Após a certificação nossas vendas cresceram de 30% a 40%”.

A propriedade de Daniel Ribeiro está  localizada em  Capim Branco, distante 44 km de Belo Horizonte, e produz mensalmente cerca de 8 mil molhos de rúcula, uma tonelada de tomate e 1 mil pés de alface. “Um dos grandes benefícios é o socioambiental. Para a certificação, há muitas exigências, como a preservação das nascentes”, diz.

Como participar

Lucas Guimarães, do IMA,  informa que as propriedades certificadas passam anualmente por  avaliações de conformidade,  por meio de auditores do IMA que fazem visitas in loco para conferir a produção. Na oportunidade, coletam amostras dos produtos que são encaminhadas para análise de resíduos de agrotóxicos na rede de laboratórios do Instituto.

“Todo esse processo de certificação garante, na prática, que  o alimento foi produzido de forma sustentável, com segurança alimentar, qualidade e que está apto ao consumo”, explica. O selo SAT foi criado pelo IMA em 2006 .

Os produtores interessados em participar do programa de certificação e obter o selo SAT podem obter mais informações no site do IMA:  http://www.ima.mg.gov.br/certificacao/produtos-sem-agrotoxico-sat

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