Método de análise multidimensional pode incrementar a qualidade do café brasileiro

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Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) recebem a visita do professor Philip Marriot da Universidade de Monash, Austrália. Ele participa de um projeto de pesquisa entre a Embrapa e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), financiado pelo CNPq, para a aplicação de método pioneiro de avaliação da qualidade do café brasileiro. A difusão desse método também deve auxiliar na indicação geográfica do café no Brasil.

O projeto pretende investigar as substâncias voláteis formadas durante a torra do café em tempo real pelo método da Cromatografia Gasosa Multidimensional Abrangente, desenvolvida pelo Professor Philip Marriot. “É um novo universo que se abre, pois trabalhamos há anos apenas em análises unidimensionais. O trabalho desenvolvido pelo Prof. Philip abre uma perspectiva para a pesquisa, antes inimaginável”, afirma Regina Lago, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Atualmente, a classificação do café brasileiro é realizada por tipo e por bebida. A avaliação por tipo leva em conta a quantidade e o aspecto dos defeitos no grão verde. A qualidade da bebida é avaliada pela prova de degustação ou “prova de xícara”. Estas classificações geram um conjunto de informações úteis, porém bastante limitado. O café é uma matriz muito rica. As substâncias presentes nos grãos crus e torrados podem ser usadas como marcadores, não apenas para a verificação da qualidade, mas também para indicar a origem do grão e mesmo o tipo de processamento pós-colheita efetuado. “O uso da cromatografia multidimensional abrangente irá gerar informações sobre um processo complexo, a torra do café, que podem contribuir para a melhoria da competitividade do agronegócio brasileiro”, afirma Humberto Bizzo, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos e um dos líderes do projeto.

Sobre o café brasileiro

A safra 2015 de café do Brasil deve ficar em 44,28 milhões de sacas, segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Brasil é o maior produtor mundial de café cru, maior exportador de café arábica e o segundo maior consumidor da bebida do café. A exportação brasileira de cafés em grãos crus, em 2013, foi de 28 milhões de sacas, enquanto a exportação do café torrado ficou em torno de 40 mil sacas. Apesar de o Brasil investir em tecnologia no agronegócio do café, buscando a consolidação no mercado internacional, este esforço é majoritariamente dirigido para a produção do grão cru. Esta distorção, com fortes impactos econômicos, pode ser reduzida através de um controle racional de qualidade ao longo da torra do café em tempo real, proporcionada pelo método da cromatografia multidimensional abrangente. “A associação da avaliação sensorial, o principal parâmetro de qualidade empregado, à análise instrumental avançada, é a saída para a compreensão da torra do café, que envolve a formação mais de mil substâncias voláteis já identificadas”, afirma a líder do projeto Cláudia Rezende, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Aline Bastos)

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