Policiais vasculham vida de jornalista em busca de pistas sobre motivação de crime bárbaro

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Polícia está atrás de pistas para esclarecer assassinato de Evany José Metzker, que foi decapitado e tinha sinais de tortura.

As publicações que o jornalista Evany José Metzker, de 67 anos, fazia no blog Coruja do Vale, as páginas que ele mantinha na internet e suas relações com políticos, autoridades e moradores da região dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri estão sendo vasculhadas pela Polícia Civil em busca de pistas que expliquem seu assassinato, ocorrido de maneira violenta. Ele foi encontrado segunda-feira, na zona rural de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, decapitado e com sinais tortura. Metzker mantinha um blog na internet e no Facebook onde noticiava crimes violentos, roubos, assaltos, circulação de veículos roubados e carteiras falsas que vêm sendo registrados na região, principalmente em Padre Paraíso, e também críticas contra administrações municipais e cobranças para a melhoria da segurança pública na cidade.

Somente este ano em Padre Paraíso, foram registrados pelo menos quatro execuções. Duas delas foram de jovens baleados a luz do dia com tiros na cabeça. Um casal também foi executado em janeiro com tiros na testa e na nuca. Ano passado, uma família inteira foi vítima de chacina na zona rural da cidade, entre elas um garoto de sete anos. Nenhum dos homicídios foi esclarecido. Em uma de suas postagens no Facebook, Metzker acusava o município de ser uma cidade sem lei. Seus textos eram, algumas vezes, alvo de comentários raivosos, tanto no Coruja do Vale quanto no Lentes do Vale, por “mancharem a imagem da cidade”.

No dia do seu desaparecimento, uma operação da Polícia Militar, determinada pela Justiça, cumpriu mandados de busca e apreensão na cidade em busca de armas e drogas. Padre Paraíso é cortada na zona urbana pela BR-116 e é tida como rota de exploração sexual infantil, tráfico de drogas e roubo de carga que, de acordo com moradores, sob controle de uma organização criminosa sediada no Rio de Janeiro. Relatam ainda que os criminosos promovem lavagem de dinheiro por meio da compra de grandes extensões de terra na região. O lugar onde o corpo de Metzker foi encontrado, segundo moradores, seria o mesmo onde são feitos pousos clandestinos de helicópteros.

Local onde corpo do jornalista foi encontrado por militares – Foto: Valseque Bonfim / Lente do Vale

Repercussão internacional

A morte do jornalista Evany José Metzker causou repercussão internacional e foi noticiada em jornais da Espanha, Argentina, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, China, entre vários outros países. A equipe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), enviada da capital para Padre Paraíso, por determinação do governo do estado, esteve ontem no local em que o corpo foi encontrado. Os policiais liderados pelo delegado Emerson Morais, o mesmo que investigou em 2013 a morte de dois jornalistas no Vale do Aço, mortos por integrantes da polícia, foram em busca de algum vestígio que possa ajudar na sequência das investigações, iniciadas, na segunda-feira, pela equipe da delegada de Padre Paraíso, Fabrícia Noronha.

Nesta fase da investigação, estão sendo ouvidas pessoas do convívio de Metzker, assim como há uma tentativa de reprodução dos últimos passos da vítima. Até agora, oito pessoas já foram entrevistadas e ouvidas formalmente em cartório, pelas duas equipes. Segundo o delegado Emerson Morais, os trabalhos continuam nos próximos dias, sem prazo previamente determinado para a conclusão, porque não há somente uma linha de investigação. “Nenhuma linha investigativa pode ser descartada. Temos de trabalhar com todas as possibilidades, com apuração detalhada, criteriosa e abrangente”, enfatizou.

Ainda de acordo com o delegado Emerson Morais, não há qualquer registro formal de ameaças que Metzker tenha recebido. No entanto, as possíveis ameaças serão investigadas, inclusive com novo depoimento da viúva, Ilma Chaves Silva Borges. O jornalista era considerado na cidade uma pessoa polêmica. Algumas relatam que ele investigava exploração sexual infantil ou afirmam que ele era “pouco cauteloso” no exercício da profissão e que vinha conquistando inimigos. Ele mantinha três perfis no Facebook. Um deles era lotado de páginas de meninas e jovens em poses eróticas.

(Fonte: Jornal Estado de Minas)

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