Pesquisadores apresentam resultados de estudos sobre a doença Chagas no Norte de Minas

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Droga utilizada no tratamento da doença, capaz de levar à cura ou prevenir complicações cardíacas, é um dos destaques de simpósio que reuniu especialistas

Simpósio “Atualização em doença de Chagas”, promovido no campus-sede da Universidade Estadual de Montes Claros, apresentou os conteúdos de atualização cientifica, avaliação clinica e tratamentos da doença, O destaque foi o uso do Benzonidazol – droga utilizada para tratamento específico da enfermidade, que pode levar à cura ou prevenir complicações cardíacas.

Participaram alguns dos principais pesquisadores, profissionais e acadêmicos da área de saúde do país. O simpósio faz parte de um estudo aprofundado, feito em 22 cidades do Norte de Minas, onde se concentra maior número de pacientes com a doença. O grupo de pesquisa em Chagas é liderado pela pesquisadora Ester Cerdeira Sabino, professora-doutora da USP, que idealizou o projeto e buscou as parcerias entre Unimontes e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para um trabalho inicial (REDS 2), em 2008.

Com os excelentes resultados da primeira pesquisa, novos estudos receberam incentivo e foi criado o grupo Samitrop (Centro de Referência São Paulo-Minas Gerais para Biomarcadores em Doenças Tropicais Negligenciadas). O centro de pesquisas reúne pesquisadores de instituições parceiras, sob a coordenação da doutora Ester Sabino e do professor Antônio Luiz Pinho Ribeiro, da UFMG. O projeto atual, iniciado há três anos, é financiado pelo National Institute of Health, a maior agência de fomento em pesquisa médica dos Estados Unidos.

Rede de Teleassistência

Para mapeamento dos pacientes com doença de Chagas no Norte de Minas, o estudo utilizou-se da base de dados e da expertise da Rede de Teleassistência de Minas Gerais, composta por seis instituições de ensino superior do Estado: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal Juiz de Fora (UFJF), Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).

Os estudos estão em fase final, que é a consolidação das estatísticas e dos dados coletados. Posteriormente, a meta é iniciar novas pesquisas com ensaios clínicos, visando avaliar tratamentos para os pacientes chagásicos e propiciar mais investigações científicas sobre doenças infecciosas negligenciadas no Brasil.

O coordenador da Rede de Teleassistência de Minas Gerais, professor Antônio Luiz Pinho Ribeiro, destaca o trabalho feito na região, envolvendo 2.200 pacientes. “O Norte de Minas tem um número elevado de chagásicos e temos atuado em algumas cidades com a finalidade de pesquisar e conhecer melhor sobre a doença e as pessoas. Nossa proposta aqui é apresentar os resultados parciais das pesquisas feitas na região”, ressalta o pesquisador.

Durante os estudos prévios feitos no Norte de Minas, os pesquisadores verificaram que, a cada ano, um percentual de 2% dos portadores de Chagas – até então assintomáticos – passou a apresentar evidências de acometimento cardíaco, mostrando a evolução progressiva dos pacientes para quadros mais graves.

O reitor da Unimontes e também médico infectologista, João dos Reis Canela, participou do simpósio. Desde a década de 1970, ela atendeu a aproximadamente 3 mil portadores da doença. “A Unimontes, em conjunto com outras instituições de ensino, tem papel importante na investigação cientifica que servirá como instrumento para os serviços e também para as politicas de saúde pública. Os pacientes chagásicos necessitam de um acompanhamento mais direto na busca do maior controle da doença”, diz o professor.

Monitoramento

Os 2.200 pacientes atendidos no Norte de Minas são acompanhados com avaliação de sintomas e realização de exames específicos, como o eletrocardiograma e o ecocardiograma, além de outros. O professor André Pires Antunes, coordenador do polo Montes Claros na Rede de Teleassistência, ressalta a importância da pesquisa para os estudos sobre o Mal de Chagas. “É necessário investir cada vez mais na ciência como forma de colaborar com o controle de doenças, em especial a doença de Chagas, que necessita de estudos científicos em busca da cura”, enfatiza o coordenador.

Durante o simpósio, foram abordados temas como formas de contaminação, avaliação clinica, uso do Benzonidazol, os tratamentos e os resultados parciais do projeto de pesquisa da região. Participaram do evento as pesquisadoras Ester Cerdeira Sabino (USP), Clareci Silva Cardoso e Claudia Di Lorenzo Oliveira (UFSJ) e Noemia Barbosa Carvalho (USP).

Conheça a doença

O Mal de Chagas foi descoberto em 1909 pelo cientista mineiro Carlos Chagas, no município de Lassance (Norte de Minas). A doença é endêmica na América Latina, onde existem cerca de 8 a 10 milhões de pessoas infectadas. É transmitida pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Normalmente, os barbeiros vivem nas áreas rurais onde se adaptam facilmente ao ambiente domiciliar.

A forma de transmissão mais conhecida é pelo inseto contaminado pelo parasito. O barbeiro pica, suga o sangue da pessoa e defeca ao mesmo tempo. Nas fezes do barbeiro estão as formas infectivas do parasito. Pelo contato das mãos com as fezes do barbeiro, ao coçar o local da picada ou levar a mão à boca ou aos olhos, o parasito penetra na corrente sanguínea da pessoa.

Outras formas de transmissão:

– Congênita: da mãe portadora da doença de Chagas para o filho durante a gravidez ou aleitamento materno;
– Transfusão de sangue;
– Recepção de órgãos transplantados de indivíduos infectados;
– Contaminação em acidentes de laboratório;
– Contaminação por ingestão de alimentos que contenham fezes de barbeiros infectados, como suco de frutas (goiaba, açaí, caldo de cana/garapa).

(Fonte: Agência Minas)

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