MST liberta funcionária do Incra que era mantida refém em Felisburgo

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Os ocupantes de um acampamento, desconfiaram que um levantamento feito pela funcionária tinha como objetivo, despejar as famílias.

Uma funcionária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi libertada no início da noite de quinta-feira (27) após ser mantida por mais de 24 horas como refém de um grupo de agricultores, integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) que vivem em um acampamento no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.

Um supervisor do órgão se deslocou de Belo Horizonte para acompanhar as negociações, juntamente com a Polícia Militar do município.

A funcionária foi feita refém, quando fazia o levantamento das pessoas alojadas em um acampanamento do MST. Os acampados desconfiaram que a medida era uma iniciativa para que o grupo fosse despejado da fazenda ocupada.

Cinco trabalhadores foram mortos no acampamento Terra Prometida em 2004 – Foto: Arquivo

Massacre

Felisburgo ficou nacionalmente conhecido depois do “Massacre de Felisburgo” que aconteceu naquele município em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria.

Na ocasião, cinco trabalhadores rurais foram assassinados e outras 12 pessoas, entre elas uma criança de 12 anos, ficaram feridas. Além disso, 27 casas e uma escola foram incendiadas.

As famílias Sem Terra, vítimas do massacre, montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e já haviam denunciado à Polícia Civil várias ameaças realizadas pelo fazendeiro Adriano Chafik contra as famílias acampadas.

No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terras de Minas Gerais (ITER) como terras devolutas, ou seja, área do Estado que deveria ser devolvida para as famílias acampadas e transformada em assentamento de Reforma Agrária.

Os cinco trabalhadores foram executados com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu no caso, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois, conseguiu, por meio de um habeas corpus, o direito de responder ao processo em liberdade.

A partir de manobras jurídicas, ele conseguiu adiar o julgamento por várias vezes e chegou a ser preso em 2013 , mas foi solto poucos dias depois.

Em outubro passado, o fazendeiro foi condenado a 115 anos de prisão como mandante do crime e o comparsa dele a 97 anos e seis meses. Eles foram beneficiados por uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e aguardam recurso em liberdade.

(Gazeta de Araçuaí)

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