A hipocrisia da colocação – Marli Andrade

0

“Ela foi infeliz quando disse isso ou aquilo”

Sim, é de uma hipocrisia imensa justificar algum comportamento com a frase: “ela (ele) foi infeliz quando disse isso ou aquilo”.

Me referindo, especificamente, aproveitando o assunto do momento, à mocinha que berrou, pausadamente, M A C A C O, em um jogo de futebol.

Agora, depois das sanções, as opiniões se divergem. Vi até uma postagem dela, em sua profissão, atendendo uma criança negra e alguns amigos negros em defesa da mocinha, que agora, processada, ganha fãs.

Meu Deus do céu!

O racismo não é “colocação infeliz” o racismo é algo que externa o que tem dentro do sujeito que é capaz de separar seres humanos pela cor.

Quem somos nós para julgar os atos de alguém, mas que pensemos mais neste exemplo. Afinal, será que a “infelicidade” dela foi ter sido filmada? Então, se ela falasse na cozinha da sua casa estava liberado?

Sim, também penso que é paradoxal esta questão. Até porque, sou da época em que apelidar os amigos na escola, nas ruas da vizinhança era sinal de socialização. Porém, é preciso compreender que os reflexos de tais “brincadeiras”, a partir de que o que sente cada um sobre o que escuta, são infinitamente incalculáveis e individuais.

Eu, por exemplo, sempre ria dos apelidos que tive, devido as canelas finas, a cabeleira que sempre tive, era alvo de ser comparada a todos os bichos da floresta. Nunca me importei, porém, alguns dos amigos iam sim pra casa chorando e sofrendo por situações semelhantes.

Bom, a proposta aqui não é falar das consequências, nem analisar épocas. É simplesmente chamar atenção para a loucura de atirar pedras e defender quase que simultaneamente, sem análise, a posição de alguém diante da câmera.

No meu entendimento, o que se fala é o que tem dentro do coração. Independente se diante das câmeras ou na cozinha de casa. Colocação infeliz é sinal de pensamento infeliz e vida infeliz.

Não que estejamos livres de passarmos por situação horrível feito a referida mocinha vem passando, mas que fiquemos atentos ao que colocamos em nós, porque pode ser que, sem sabermos que estamos diante de alguma câmera, externamos o pior que há em nós.

Quem é Marli Andrade?

Marli Andrade é Psicanalista e Psicopedagoga, Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy em Buenos Aires, defendendo a tese: “A influência da subjetividade nas interações profissionais”.

Escritora do livro Primeiro você sonha, depois você dorme, catalogado pela Câmara Nacional do Livro, sob o catálogo sistemático: Autoconhecimento, Comportamento social, Conduta de vida, Equilíbrio (Psicologia), Inconsciente, Realização pessoal, Relações interpessoais, Sonhos e Sucesso profissional.

Atua com palestras e treinamentos em instituições públicas e privadas, disponibilizando técnicas para que cada participante possa construir suas próprias estratégias para a gestão intra e interpessoal.

Marli Andrade
Psicanalista e Psicopedagoga
Doutoranda em Psicologia Social
CNP Espo nº 0705-59
CNPJ 18.183.436/ 0001-29



DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui