Adolescentes complicam a situação do “Rei da Cachaça”

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Em depoimento, adolescentes dizem que se encontraram duas vezes com Antonio Rodrigues e que houve contato sexual. Advogado nega as acusações

O adolescente de 14 anos e a garota de 15 que acusam Antônio Eustáquio Rodrigues, de 66 anos, considerado o maior produtor de cachaça artesanal do país, de crimes sexuais, afirmaram à polícia que o empresário os convidou para ir à fazenda dele, no município de Salinas, onde alegam terem ocorrido às primeiras relações sexuais. Eles apresentaram essa versão em depoimentos prestados durante as investigações. A defesa de Rodrigues nega as acusações e argumenta que mesmo que o encontro tenha ocorrido, o fato não configura crime de estupro de vulnerável ou pedofilia, porque os dois adolescentes têm mais de 14 anos.

Em depoimento prestado em 25 de junho, o adolescente disse que estava com a garota, nas proximidades de sua casa, numa rodovia, na saída de Salinas para Rubelita, quando os dois foram abordados por Antônio Rodrigues, que estava em seu veículo. Ele informou que o empresário os convidou para ir até sua fazenda, “não tendo falado o motivo”. Relatou que ao chegar à propriedade, Rodrigues, “após verificar que não tinha ninguém na fazenda, os chamou para entrarem em casa”. Em seguida, o empresário, “após tomar banho”, convidou os adolescentes para irem até o quarto da casa e “pediu para que fosse feita uma massagem no seu corpo”.

O adolescente sustenta que, na sequência, com medo de ser deixado na fazenda e ser obrigado “a voltar a pé para casa”, ele e a menina atenderam aos pedidos de contato sexual feito pelo fazendeiro. Declarou ainda que não houve violência e que, depois Antônio Rodrigues os deixou no mesmo local onde apanhou.

O garoto também relata que, em companhia da adolescente, voltou a se encontrar com o fazendeiro numa segunda ocasião, na casa de Rodrigues. Desta vez, os dois menores teriam recebido R$ 50 cada um. O adolescente afirma que depois disso foi presenteado por Antônio Rodrigues com um telefone celular

A adolescente de 15 anos apresentou relato semelhante. Disse que, em companhia do garoto, foi convidada para ir fazenda do empresário e que, lá, manteve relação sexual com ele. “Que Antônio Rodrigues falou para a declarante e o menor não dizerem para ninguém o que havia ocorrido”. Ela também confirmou ter recebido R$ 50, mas alegou que “não teve outra relação sexual” com o empresário, contrariando a informação prestada pelo adolescente de que houve um segundo encontro na casa de Antônio Rodrigues.

Rodrigues está preso preventivamente desde terça-feira e contra ele também pesa a suspeita de tentativa de homicídio, baseada em um vídeo. Mas a defesa também alega que não há evidência de tentativa de homicídio na filmagem. A investigação começou há cinco meses, após o encaminhamento de denúncias anônimas ao Conselho Tutelar das Crianças e dos Adolescentes do Município e ao Ministério Público Estadual. O delegado de Salinas, José Eduardo dos Santos, informou que, nesta semana, surgiram novas denúncias contra o empresário, feitas de forma anônima que ainda serão investigadas. Os advogados já pediram à Justiça a revogação da prisão preventiva ou a aplicação de medida cautelar de restrição de liberdade (como prisão domiciliar). Mas, até a tarde de ontem o pedido ainda não havia sido julgado e o suspeito continuava preso em Pedra Azul.

Defesa do suspeito

O advogado Frederico do Espírito Santo Araújo, que defende Antônio Rodrigues, disse que o seu cliente nega as acusações feitas pelos menores. Diz ainda que, mesmo se o empresário tivesse mantido contato com os adolescentes, não haveria o crime de estupro de vulnerável porque a lei brasileira só prevê esse crime quando a vítima é menor de 14 anos. Ele lembrou que o próprio Ministério Publico pediu o arquivamento da denúncia contra o empresário pelo crime de estupro de vulnerável. “Não há que se falar em estupro de vulnerável (…) porque as vítimas são maiores de 14 anos (…)”, diz o parecer do MPE, assinado pelo promotor Jean Ernani Mendes da Silva.

Também foi levantada contra o empresário a suspeita de tentativa de homicídio, baseada em vídeo incluído no inquérito. Na filmagem, aparece um carro branco, cujo motorista (que seria o produtor de cachaça) persegue um pedestre e depois o agride. A vítima não foi identificada. “Pelo que é mostrado no vídeo, não vejo tentativa de homicídio, mas no máximo um entrevero entre uma pessoa que seria o senhor Antônio e uma outra pessoa. Isso poderia configurar, no máximo, lesão corporal”, afirma o advogado.

(Fonte: Jornal Estado de Minas)

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