Manifestantes fazem greve de fome em Brasília por criação de reserva no Norte de Minas

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Na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, cerca de 120 pessoas de comunidades tradicionais e extrativistas foram do norte de Minas Gerais a Brasília para reivindicar a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes dos Gerais. A região de 37 mil hectares tem sido alvo de desmatamento e exploração de empresários, o que tem destruído nascentes de água e plantações, de acordo com os representantes das comunidades.

Dezesseis manifestantes começaram greve de fome e de sede na tarde de nesta quarta-feira (4) na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, e afirmam que só vão voltar a comer e beber quando o decreto com a criação da RDS for assinado pela presidenta Dilma Rousseff. No fim da tarde, representantes do movimento iniciaram uma reunião no palácio com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Roberto Vizentin. O encontro já dura mais de duas horas.

As nove comunidades abrangidas pela região onde pode ser criada a RDS pertencem a três municípios mineiros (Montezuma, Rio Pardo de Minas e Vargem Grande do Rio Pardo) e abrigam ao todo 500 famílias. “Para morrer de sede lá, a gente fez a proposta de vir morrer aqui, se for o caso”, disse Maria Lúcia Agostinho, da comunidade Água Boa 2, que fica em Rio Pardo de Minas. Ela veio com a família e relata que apenas duas nascentes ainda não secaram.

“O que mais machuca é que as áreas onde as empresas degradaram, não têm mais água. Eles mesmos pegam um [caminhão] pipa e vão buscar água lá onde nós preservamos. Isso é que é o absurdo, para abastecer as empresas”, contou a agricultora, que também trabalha com extrativismo e artesanato com argila, cipó e palha.

Segundo Carlos Dayrell, que faz parte do Centro de Agricultura Alternativa e apoia o movimento, a luta para a criação da RDS Nascentes dos Gerais começou há 12 anos, com a participação do ICMBio. “Há mais de dois anos esse processo foi finalizado [aguardando o decreto] e as comunidades estão precisando entrar com o próprio corpo, com filhos e esposos, na frente das máquinas. Já estamos no limite”. Segundo ele, cinco rios são abastecidos pelas nascentes na única área preservada de Cerrado que sobrou na região.

Empresas de produção de eucalipto, carvoarias e fazendeiros têm sido impedidos pelas comunidades tradicionais de expandir as áreas tomadas, segundo os representantes do movimento, que engloba apanhadores de flores, vazanteiros, veredeiros, caatingueiros, quilombolas e indígenas.

Além do decreto, o movimento também pede a negociação da Pauta dos Povos e Comunidades Tradicionais dos Cerrados Brasileiros.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria-Geral, Carvalho pediu um prazo de 48 horas para dar uma resposta sobre o decreto. Até o fechamento desta reportagem, o ICMBio não havia se pronunciado sobre as reivindicações.

(Agência Brasil)

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