Arte popular é uma importante fonte de renda e ícone da cultura mineira

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Cerâmica, ferro, madeira, couro, linhas e tecidos são transformados em peças de decoração e obras de arte vindas de todas as regiões do estado

Além da famosa hospitalidade e o sucesso de nossa gastronomia, o visitante que vier para a Copa do Mundo vai encontrar, pelo menos, uma peça do artesanato típico por onde passar. Fortemente influenciado pelas tradições dos colonizadores portugueses, somada aos costumes indígenas e africanos, o artesanato mineiro é hoje mundialmente conhecido e também uma importante fonte de renda de comunidades.

Cerâmica, ferro, madeira, couro, linhas e tecidos são transformados em peças de decoração e obras de arte. Belo Horizonte é a principal vitrine para o comércio e exposição desses objetos, cuja origem pode ser desde o Norte até o Sul do estado, com uma variedade notável de cores, formas e estilos. “O artesanato mineiro é o mais rico do Brasil e faz parte da cultura de todas as regiões”, ressalta o coordenador de Artesanato da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Thiago Thomaz.

Na capital, o maior espaço de comercialização de artesanato é a Feira Hippie, que acontece aos domingos há mais de 43 anos. A feira conta com cerca de 2.500 expositores, entre os quais estão muitos vendedores de produtos manufaturados vindos de todo o estado.

Localizado no centro de Belo Horizonte, o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart) também expõe e comercializa artesanato há mais de 40 anos. Considerado o maior centro de produção, formação e difusão cultural de Minas Gerais e um dos maiores da América Latina, o espaço, nas palavras do arquiteto e artista plástico Gringo Cardia, é um dos mais importantes do segmento, por contar com uma curadoria especial e peças selecionadas. “Sem dúvida, a arte popular em Minas Gerais é uma das mais ricas do Brasil. Este lugar é mais que uma loja, é uma galeria de arte”, pontua o artista.

Fora do circuito comercial, o Centro de Arte Popular Cemig abriga obras da cultura mineira em uma exposição permanente. Integrante do Circuito Cultural da Praça da Liberdade, o centro é um espaço de divulgação e apreciação da arte popular de Minas Gerais. O acervo do museu conta com obras de mestres do artesanato, como Geraldo Teles de Oliveira, o GTO, um dos mais importantes escultores mineiros, e de dona Izabel Mendes da Cunha, ganhadora do prêmio Unesco de artesanato por suas famosas bonecas de barro do Vale do Jequitinhonha. A visitação é gratuita.

Feitas de barro, as bonecas do Vale do Jequitinhonha são procuradas como peças de decoração – Foto: Gabriel Salgado/Divulgação

Origens e materiais diversificados

As cidades do interior de Minas Gerais, com suas histórias e tradições, são a principal fonte da riqueza e diversidade do artesanato mineiro. No Sul de Minas, por exemplo, em Maria da Fé, a fibra da bananeira se transforma em tapetes, cortinas e jogos americanos. Em Muzambinho, o principal destaque é a tecelagem. Lá, fios de fibras naturais são tingidos e convertidos em almofadas, mantas e xales.

Na Zona da Mata, Juiz de Fora se destaca com um artesanato mais contemporâneo, muito procurado por decoradores e arquitetos. Objetos para casa e escritório são feitos de chapas e perfis de alumínio.

No Campo das Vertentes, que abrange as cidades de Tiradentes, São João Del Rei, Prados, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Lagoa Dourada, a cultura e tradição se transformam em arte sacra, peças decorativas e obras de arte.

Já a região Central, que abriga os municípios de Ouro Preto, Mariana, Congonhas e outros, tem na pedra-sabão a principal matéria-prima dos artesãos. Objetos artísticos e utilitários feitos do material são exportados para a Europa e os Estados Unidos.

No Vale do Jequitinhonha, o barro transforma-se em lindas bonecas. A cerâmica tradicional é produzida principalmente por mulheres, que, entre um roçado e outro, cuidam da família e produzem peças únicas. Hoje, as bonecas são conhecidas no mundo inteiro.

No Vale do Mucuri, a cidade Teófilo Otoni, também conhecida como a cidade das pedras, tem nas pedras preciosas e semipreciosas sua maior fonte de renda – as joias e bijuterias feitas pelos artesãos locais também são exportadas para diversos países.

Para a subsecretária de Turismo do Estado, Silvana Nascimento, o artesanato mineiro reflete a própria história e realidade de Minas Gerais. “Sua diversidade mostra quão grandiosa é cultura do nosso estado. A Copa do Mundo dará visibilidade ao setor e o turista certamente vai se encantar e levar uma pedacinho de Minas consigo”, diz.

Incentivo à capacitação e à comercialização

O coordenador de Artesanato do Estado, Thiago Thomaz, explica que o Governo de Minas tem uma preocupação permanente com a questão cultural da arte popular mineira. “Mas, além disso, entendemos que uma das nossas grandes atribuições é fazer do artesanato um precioso meio para geração de renda”, destaca.

Com este foco, a atuação principal do Estado junto ao artesão mineiro tem sido o apoio na comercialização, maior carência dos profissionais do setor. “Oferecemos especialmente o apoio com espaços nas principais feiras regionais e nacionais, que garante ao artesão oportunidade de comercializar seus produtos”, afirma.

A qualificação também é uma das frentes de ação do Governo de Minas junto aos artesãos. Thomaz explica que, em parceria com o governo federal, temas como mercado, precificação, embalagens e a relação de trabalho em associativismo e cooperativismo são abordados junto aos artesãos.

Outro ponto de apoio é o projeto Central Mãos de Minas, criado em 1983 para apoiar o artesão principalmente na comercialização de seus produtos. Sua fundadora, Tânia Machado, afirma que a iniciativa tem como objetivo regulamentar o artesão como profissão.

“É importante que o artesão tenha domínio de todo o processo produtivo. Ele tem que ganhar dinheiro, sustentar a sua família e mandar os seus filhos para a universidade. O Mãos de Minas certifica a produção artesanal, fazendo com que o artesão possa olhar o mercado como um participante da economia”, diz. Hoje, a organização não governamental (ONG), parceira do Governo do Estado, conta com mais de 7 mil filiados de todo o estado e está envolvida em projetos de alcance nacional e internacional. (Agência Minas)

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