Capitão Enéas e Matias Cardoso têm situação de emergência homologada

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Portaria foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta (24). Municípios do Norte de Minas sofrem com a pior estiagem dos últimos anos.

Os municípios de Capitão Enéas e Matias Cardoso, no Norte de Minas Gerais, tiveram a situação de emergência reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração. As cidades estão entre as que sofrem com uma das piores estiagens dos últimos anos na região. A portaria foi publicada no Diário Oficial União desta quinta-feira (24).

De acordo com as informações da Defesa Civil de Minas Gerais, Capitão Enéas e Matias Cardoso estão entre os 81 municípios que decretaram situação emergência em 2014 no estado, devido à seca.

Em Capitão Enéas muitas das plantações morreram por causa da má distribuição das chuvas, que apenas no mês de novembro chegaram a 177 milímetros, enquanto em janeiro, fevereiro e março, ficaram em 150 mm.

Dos 1.500 hectares de milho plantados em Capitão Enéas, 90% foram perdidos, um prejuízo de mais de R$ 1 milhão. A colheita, que deveria ser de 2,4 toneladas por hectare, ficou em 240 quilos.

“A minha roça dá milho entre fevereiro e março, mas nos últimos três anos estou tendo muitos prejuízos”, diz o agricultor José Roberto Soares.

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), pelo menos 73 agricultores já estão recebendo a Bolsa Estiagem e 347 produtores serão contemplados com o Garantia-Safra. “Sem esses benefícios, os produtores não teriam renda”, afirma Rogério Max Ferreira, da Emater.

Outra atividade que também sofre com os efeitos da estiagem é a pecuária leiteira, que teve a produção afetada pela metade; atualmente 10 mil litros são produzidos diariamente.

As dificuldades estão fazendo com que muitos produtores saiam do campo ou busquem outras formas de sustento.

“A nossa vida está ficando cada vez mais difícil, temos que sair das nossas propriedades para trabalhar em outros lugares, porque na roça não está dando mais”, lamenta Edilson Oliveira.

Para amenizar as consequências da seca, foram criadas 57 barragens de pequeno porte na região. “Como sofremos com a seca, essa água das barragens é utilizada para os animais e também para irrigar pequenas áreas”, fala o Secretário de Agricultura, Carlos Roberto Ferreira.

Dois carros-pipa garantem o abastecimento das comundiades rurais, e na zona urbana o abastecimento ainda está sendo feito normalmente. “Esse reconhecimento do Governo Federal nos dá esperanças. Precisamos de ajuda porque 70% das riquezas do município são da agropecuária.”

Situação de Matias Cardoso

Apesar de ser banhada pelos Rios São Francisco e Verde Grande, Matias Cardoso também sofre com os efeitos da seca, o abastecimento das comunidades rurais está sendo feito com dois carros-pipa da Prefeitura initerruptamente desde 2013. Além disso, as perdas na agricultura chegam quase a R$ 4 milhões; o pasto disponível é suficiente para alimentar o gado somente até junho.

O Secretário de Administração, Maurélio Santos, diz que “o município enfrenta o quarto ano consecutivo de estiagem, por isso toda ajuda pode fazer a diferença. Com a situação homologada, teremos acesso a benefícios importantes e poderemos amenizar os efeitos da seca e o sofrimento da população.”

Cerca de 500 pequenos produtores rurais estão recebendo o Garantia-Safra, benefício destinado a quem sofre perdas devido a escassez ou excesso de chuvas. 77 barraginhas foram feitas e seis poços foram perfurados, mas muitos dos que são utilizados estão com os níveis baixos. Por enquanto o abastecimento da cidade ainda está normal.

“Estamos temerosos já que a agricultura e pecuária são fontes importantes de renda e geram grande parte dos empregos.”

Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater) apontam que de janeiro a março choveu 160 milímetros, o normal seriam 400.

“Muitos agricultores fazem as lavouras em novembro, em dezembro tivemos uma pluviosidade razoável, mas em janeiro e fevereiro não choveu quase nada, e a maioria das culturas plantadas morreram. As chuvas foram concentradas em dois meses e foram torrenciais, o solo não consegue absorver a água”, diz César Augusto Dourado, da Emater.

O engenheiro agrônomo destaca os prejuízos das principais lavouras da região. “Perdemos 100% das lavouras de feijão e milho, 50% da lavoura de algodão, e a área plantada de mamona, que deveria ser 1.600 hectares, não passa de 300.”

Os reflexos da queda de produção já podem ser sentidos nos preços; um saco de milho que custava em torno de R$ 24 está sendo vendido a R$ 45.

César Augusto Dourado também destaca que a seca prolongada por quatro anos fez com que a criação de frangos, porcos e gado também sofresse redução. Como o pasto deve durar até o meio do ano, os produtores terão que vender o gado ou comprar ração.

Matias Cardoso faz parte também do Projeto de Jaíba, que sobrevive graças a irrigação. O município tem 20 mil hectares de área irrigada com as água do velho Chico, destinados principalmente à produção de frutas. Como o rio já está com o nível que só deveria estar no mês de agosto, período normal de estiagem, é possível que essas lavouras também possam ser afetadas. (G1)

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