Cultivo de horta contribui para reinserção de jovens do Centro Socioeducativo de Montes Claros

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Charles Marques é técnico agrícola, formado pela Escola Agrotécnica Federal de Januária. Edvar Soares foi gerente em indústrias de alimentos, em São Paulo e Minas Gerais, por 22 anos. Ambos, além de agentes socioeducativos, são, atualmente, responsáveis por dois projetos de reinserção de jovens no Centro Socioeducativo de Montes Claros, no Norte do estado.

Eles trabalham de forma voluntária em projetos relacionados com suas experiências profissionais anteriores — horta comunitária e padaria — e estão transformando a vida de quem sonha com um futuro diferente para além dos muros da unidade de internação.

Um dos projetos é o “Plantando Sonhos e Colhendo Liberdade”, implantado há cerca de três meses, com objetivo primordial de oferecer conhecimentos técnicos voltados para o plantio e produção orgânica de hortaliças e plantas medicinais. Além de conscientizar os jovens para a importância dos alimentos orgânicos, o projeto proporciona uma formação profissional, com amplas oportunidades de absorção no mercado de trabalho da região.

Francisco Mendes*, 18 anos, um dos jovens do projeto relata que hoje uma das grandes felicidades de sua vida é plantar, acompanhar o crescimento de hortaliças e colhê-las. “Tudo é possível quando a gente se dedica e quer de verdade. Este terreno é arenoso e cheio de pedras, mas conseguimos transformá-lo para melhor. Com a vida é assim, não é”?, filosofa o jovem.

No local onde é cultivada a horta havia apenas mato, e foram os jovens, junto com agentes socioeducativos, que capinaram e deram condições para a área se tornar produtiva. Da horta, localizada bem próxima da muralha do centro socioeducativo, é possível avistar parte da cidade de Montes Claros e a Serra do Sapucaia. “É um local propício para reflexões e conversas, que leva os adolescentes a repensarem suas trajetórias e desejar trilhar novos caminhos”, observa o agente socioeducativo Charles Marques, responsável pela atividade.

Foto: Dirceu Aurélio / Reprodução Agência Minas

Parceria

Para atuar no projeto foram selecionados pelo corpo técnico e equipe de segurança 20 adolescentes, que assistem aulas teóricas e atuam diretamente na horta, de segunda a sexta-feira, durante duas horas. O CSE tem o Instituto de Ciências Agrária de Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) como importante parceiro há 14 anos, e pretende ampliar esta ligação com a instituição para dar continuidade ao apoio técnico e acadêmico. Os coordenadores do projeto também vão buscar parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), visando a inserção desses jovens no mercado de trabalho.

Dentre vários objetivos, o projeto pretende estimular hábitos alimentares saudáveis, permitir que os adolescentes e seus familiares tenham uma nova fonte de renda, estimular a cooperação e o trabalho em equipe, bem como fortalecer o bom convívio entre os jovens e equipe de segurança.

“Os agentes estão abraçando todos os projetos da unidade, eles querem realmente ser educadores também. Isto é ótimo para o Centro Socioeducativo de Montes Claros, para os jovens e familiares, enfim para o sucesso das medidas socioeducativas”, comemora o diretor de Segurança, Josedeth Oliveira.

De olho no mercado

Para a próxima semana está prevista a reabertura da padaria industrial do CSE de Montes Claros. O espaço tem todos os equipamentos necessários: freezer, geladeira, fogão, dois fornos elétricos, carrinho para descanso do pão, liquidificador, batedeira e mesa de inox.

Na padaria serão formados adolescentes em um ramo que sempre está precisando de bons profissionais. Quem garante é o agente de segurança socioeducativo Edvar Soares. “Sempre há vagas para esta área no mercado de trabalho, além de tudo, em qualquer lugar existe uma padaria. Vamos ensinar o básico, que será de imediata aplicabilidade”, explica o agente, baseado em sua experiência no ramo de alimentação.

Uma dupla de jovens está interessada neste curso, mas no momento atua na lavanderia, que foi reativada recentemente. Juscelino de Oliveira*, 17 anos, e Claudionor Silva*, 18 anos, cuidam dos uniformes e roupas de cama utilizados pelos colegas e tornaram-se multiplicadores. Eles ensinam outros jovens a manusear a máquina de lavar roupas, a centrífuga e a secadora da lavanderia.

O diretor de Segurança, Josedeth Oliveira, explica que as atividades escolares são prioridade em todos os centros socioeducativos. “Temos aulas no turno da manhã e tarde, portanto é possível conciliar estudo e trabalho. Os adolescentes selecionados para as atividades laborais fazem rodízio e se tornam multiplicadores de conhecimentos”, conclui.  

Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos adolescentes, segundo determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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