Objeto interestelar pode ter sido enviado por alienígenas, dizem pesquisadores de Harvard

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Dois cientistas do Centro de Astrofísica de Harvard acreditam que o ‘Oumuamua’, objeto interestelar visualizado no ano passado com ajuda de telescópios, pode ter sido enviado ao nosso Sistema Solar por alienígenas. Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo, levantaram a hipótese em artigo publicado na quinta-feira (1), quando tentavam explicar a aceleração do objeto.

O Oumuamua é um objeto raro: de acordo com o estudo, é o primeiro do tipo a entrar no nosso sistema solar. Ao tentar explicar seu deslocamento, os astrofísicos admitiram a possibilidade de que a rota do Oumuamua tenha sido direcionada, e não aleatória.

“Pode ser (parte) de uma sonda totalmente operacional enviada intencionalmente para as proximidades da Terra por uma civilização alienígena”, dizem os autores.

Três hipóteses para o Oumuamua

O físico, Renato Vicente, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a hipótese de uma origem alienígena para o objeto tem relação com o fato de os telescópios terem flagrado algo muito raro.

De acordo com Vicente, a visualização da passagem do objeto pode significar três coisas:

– Que muitos outros objetos do mesmo tipo circulam pelo espaço, e as atuais teorias que usamos para explicar sua existência não se aproximam do número real deles.
– Que o objeto é mesmo raríssimo e tivemos muita sorte de ver um deles
– Que ele seja um objeto artificial, por isso a hipótese de que seja um produto de origem alienígena é compativel

“Ao longo do período de tempo que estamos observando (o espaço interestelar), que é curto, a produção (criação de objetos do tipo) deveria ser, no mínimo, 100 vezes maior para que pudéssemos conseguirmos ver um.” – Renato Vicente, vice-presidente do Instituto Principia

Vicente faz, no entanto, algumas ressalvas. “A explicação do objeto artificial parece fácil, mas não é. Envolve uma história anterior. Para ter uma civilização capaz disso, é preciso assumir que existe essa evolução numa sociedade, com a capacidade de fazer viagens interestelares. E a gente tenta assumir a menor quantidade de coisas possível”, lembra.

Foto: ESO/M. Kornmesser

Explicação para o deslocamento

Na pesquisa, os astrofísicos de Harvard discutiram a possibilidade de que a pressão da radiação solar poderia estar por trás da aceleração do Oumuamua. Se esse for o caso, então o objeto “representa uma nova classe de material interestelar fino, ou produzido naturalmente, ou de origem artificial”, afirmam os autores do estudo.

Segundo eles, o Oumuamua tem um formato de panqueca. “Considerando uma origem artificial, uma possibilidade é de que o ‘Oumuamua’ seja uma vela solar, flutuando no espaço interestelar como detrito de um equipamento tecnológico avançado” – Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo

A tecnologia de vela solar pode ser utilizada para transporte de cargas entre planetas ou entre estrelas, conforme afirmam os cientistas. No primeiro caso, lançamentos dinâmicos vindos de um sistema planetário poderiam resultar em detritos de equipamentos que não estão mais em operação. Isso, dizem os pesquisadores, poderia explicar várias anomalias do ‘Oumuamua’, como a geometria pouco comum.

“Velas solares com dimensões parecidas já foram construídas pela nossa civilização, incluindo o projeto Ikaros [no Japão], e a Iniciativa Starshot”, lembram.

A vela solar é o que faria o objeto continuar acelerando em sua trajetória mesmo depois de passar pelo Sol, explica Renato Vicente.

“O objeto vem de fora do Sistema Solar. É como se fosse passar direto pelo Sol, mas o efeito gravitacional faz com que faça uma trajetória em volta do Sol. Conforme se aproxima do Sol, ele dá uma acelerada enquanto perde massa no sentido oposto. O problema é que, quando está indo embora dessa trajetória, começa a perder massa no mesmo sentido, então você espera que ele desacelere. Em vez disso, acelera. A gente não conhece nenhum mecanismo natural que faça isso. Um mecanismo artificial é a vela”, diz.

Segundo a CNN, vários telescópios focaram no objeto por três noites para determinar o que ele era antes que se perdesse de vista.

“Nós tivemos muita sorte de que o nosso telescópio de levantamento do céu estava olhando para o lugar certo na hora certa para capturar esse momento histórico”, afirmou o oficial da Nasa Lindley Johnson no ano passado.

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(Fonte: G1 / Por Lara Pinheiro)

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