Funcionários do Museu Nacional choram ao ver o que sobrou

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A emoção tomou conta de todos os funcionários do Museu Nacional, que hoje (3/9/2018) chegavam à Quinta da Boa Vista. Muitos se abraçavam e não conseguiam conter o choro.

“É muito triste ver tudo isto. Vinha aqui desde pequeno e o meu sonho era trabalhar aqui”, disse o biólogo e geólogo Leonardo Oliveira, que foi para a Quinta assim que viu o incêndio pela televisão.

Quem também passou a noite no museu foi Claudine Borges Leite, 53 anos, e há 24 secretária da área de pesquisa em geologia e paleontologia. Ela conta que viu gente sair com computadores e alguma coisa de acervo.

Claudine resume um pouco o sentimento de todos. “Por enquanto, a gente está chorando. Esta é a nossa casa. Isto não vai ficar assim”, resumiu.

A relação com o museu também fazia parte da vida de Itatiana Macedo Oliveira, que trabalhava no arquivo administrativo há 31 anos. “Nasci neste bairro, vinha aqui desde criança e sempre sonhei em trabalhar aqui”, contou.

Ela conseguiu entrar na sala em que trabalhava, que ficava ao lado da entrada dos funcionários, mas tudo o que viu se resume a cinzas. “A gente sempre tem uma esperança, mas estava tudo destruído”, disse.

Esperança

Esperança é o resta para a paleontólaga Luciana Carvalho. Ela vai passar todo o dia na porta do museu, esperando que os bombeiros liberam a entrada de funcionários.

Ela espera que alguns armários compactadores que protegiam as coleções do seu departamento tenham resistido ao fogo.

A ala africana foi toda destruída. Segundo a curadora Mariza Soares, o fogo consumiu tudo.

“Eram as peças mais valiosas da coleção africana que nós tínhamos. Coisas que não têm em nenhum outro museu do mundo”.

Parte desta coleção chegou como presente a dom João VI, em 1810. “Perdeu-se tanto o que estava na exposição como o que estava na reserva técnica”, finalizou.

Incêndio destrói Museu Nacional no Rio – Agência Brasil/Tânia Rêgo

Dom Joãozinho diz que incêndio foi causado pelo descaso das autoridades

Dom Joãozinho, o príncipe João Henrique de Orleans e Bragança, de 64 anos, trineto de D. Pedro II, atribui ao descaso das autoridades o incêndio que atingiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Para ele, houve negligência nos cuidados e na atenção ao local. D. Joãozinho frequenta o prédio desde criança e diz que o futuro do país foi afetado pela tragédia. “Há culpados, sim, ao longo das últimas décadas. E tem nome: políticas públicas erradas.”

O príncipe afirmou, durante entrevista exclusiva à Rádio Nacional na manhã desta segunda-feira (3), que vai emprestar peças do seu acervo particular para tentar restaurar parte das perdas ocorridas com o incêndio. “É uma vergonha. O sentimento é mais de revolta do que de tristeza”, afirmou D. Joãozinho. “Esse é um retrato do Brasil”, acrescentou ele indignado.

Para o príncipe, a responsabilidade é de todas as autoridades, sem exceção. “Os governantes têm obrigação de zelar pelo interesse público, sempre, pensando no futuro das gerações e do país”, disse. “O nosso futuro foi às cinzas hoje. Isso é muito simbólico. É o descaso total das autoridades.”

Família real

Entre os 20 milhões de itens que havia no Museu Nacional no Rio de Janeiro, estavam várias coleções relacionadas à família real brasileira. Criado em 1818 por D. João VI e com acervos que vieram dos descendentes, como D.Pedro II, responsável pela aquisição da maior coleção de múmias das Américas. No local, também estava o documento original da Lei Áurea, assinado pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II, libertando os escravos.

“A família real brasileira nasce com o dever de servir o país independemente de quem é o governo. O homem público tem de ser um idealista”, disse ele ao ser questionado sobre o que o prejuízo representa para a família real brasileira.

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(Fonte: Agência Brasil)

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