Integrante do MST é assassinado com dez tiros no Vale do Rio Doce

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Um trabalhador rural foi assassinado com dez tiros nesse domingo (23/04/2017), no município de Periquito, na região do Vale do Rio Doce. Silvino Nunes Gouveia morava próximo ao Assentamento Liberdade, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e, por volta das 20h, foi chamado por uma pessoa ainda não identificada e acabou alvejado pelos tiros.

O crime ocorreu a 50 metros da casa do trabalhador, que morava sozinho, perto de uma cerca que divide o assentamento de um território.

Silvino Nunes Gouveia tinha 53 anos e trabalhava com agricultura e criação de animais. Um dos filhos do trabalhador rural disse que o local onde ele morava faz divisa com o assentamento e está em processo de regularização pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O corpo de Gouveia deve ser sepultado amanhã (25).

Em nota, o MST mineiro denuncia a ampliação dos conflitos pela terra na região do Vale do Rio Doce, onde há mais de 1,2 mil famílias acampadas. De acordo com a entidade, proprietários de terra têm praticado atos violentos com frequência nos últimos anos por causa da demora no processo de regularização da reforma agrária. “O clima em Minas Gerais é de muita tensão”, diz o MST.

Protesto

Os integrantes do Assentamento Liberdade fecharam os dois sentidos da BR-381, no limite dos municípios de Periquito e Governador Valadares, em protesto contra a morte do dirigente. Eles colocaram fogo em pneus e chegaram a interditar a rodovia, que foi liberada por volta das 13h desta segunda-feira. De acordo com a PRF, o protesto correu de forma pacífica.

Integrantes do MST realizaram protesto em Periquito (Foto: PRF/Divulgação)

Confira a íntegra da nota divulgada pelo MST

“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Minas Gerais (MST MG), vem denunciar mais um assassinato na luta pela terra. Desta vez foi no Assentamento Liberdade, município de Periquito. Por volta das 20 horas, o companheiro Silvino Nunes Gouveia, de 51 anos, dirigente regional do MST, foi brutalmente assassinado com dez tiros. De acordo com relatos de vizinhos, Silvino estava em sua casa quando alguém o chamou, ele saiu com a lanterna e foi recebido com os disparos.

No Vale do Rio Doce os conflitos pela terra têm se intensificado por falta de medidas que agilizem o assentamento das famílias acampadas. Nessa região são mais de 1200 famílias em cinco acampamentos.

Em julho de 2015, o acampamento do MST na fazenda Casa Branca, em Tumiritinga, sofreu vários ataques com tratores blindados e avião pelo suposto proprietário Genil Mata da Cruz, que na época era prefeito de Central de Minas pelo Partido Progressista (PP). Nesse ataque o avião caiu causando a morte do mesmo e de mais um tripulante. Após o acidente, a família de Genil fez várias ameaças às lideranças locais, entre elas Gouveia.

Recentemente outro conflito se deu na fazenda Pedra Corrida, supostamente propriedade da CENIBRA, uma área com mais de 10.000 hectares com forte suspeita de grilagem. Atualmente mais de 600 famílias estão ocupando tal fazenda, no município de Periquito.

Minas Gerais tem um extenso histórico de conflitos agrários. Em 2004, no Vale do Jequitinhonha, cinco trabalhadores foram brutalmente assassinados pelo fazendeiro Adriano Chafick Luedy, réu confesso e condenado a mais de cem anos de prisão. Este, no entanto, continua em liberdade por decisão da justiça brasileira.

O clima em Minas Gerais é de muita tensão. No dia 9 de abril desse ano, no município de Capitão Enéas, Norte de Minas, jagunços e o grileiro Leonardo Andrade fizeram uma emboscada contra as famílias acampadas na fazenda Norte América, ferindo a bala três pessoas.

Atualmente existem quarenta e sete acampamentos com aproximadamente sete mil famílias acampadas do MST, em nove regiões do estado. A solução destes conflitos só será possível com medidas concretas do Estado: assentar nossas famílias e punir os responsáveis por estas atrocidades. A impunidade é uma das principais causas destes crimes, por isso exigimos a imediata apuração e prisão dos criminosos.”

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(Com informações da Agência Brasil, G1 dos Vales e MST)

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