Filha de ex-prefeito de Capelinha vai ser chefe de gabinete na ONU

0

O novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português Antonio Guterres, anunciou nesta sexta-feira, 16 de dezembro de 2016, a indicação de três mulheres para ocupar importantes cargos na organização, entre eles o da diplomata brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, que vai chefiar seu gabinete.

Além de Maria Luiza, integram a equipe feminina a ministra nigeriana do Meio Ambiente, Amina Mohamed, que vai ocupar a vice-secretaria-geral, e a sul-coreana Kyung-wha Kang, que ocupava a chefia de operações humanitárias e que será conselheira política especial. Desde que era candidato à sucessão de Ban Ki-moon, a partir de janeiro de 2017, Guterres sempre estabeleceu como uma de suas metas o respeito à paridade entre homens e mulheres na ONU. Hoje, as mulheres ainda não representam 25% dos altos quadros da casa.

Maria Luiza é encarregada da região Ásia Pacífico na chancelaria brasileira, foi embaixadora na Alemanha de 2013 a 2016 e embaixadora na ONU de 2007 a 2013. A indicação de uma brasileira para chefiar seu gabinete é mais um gesto de aproximação do novo secretário-geral em relação ao Brasil. Antes mesmo de sua eleição, Guterres defendia a inclusão do país como membro permanente do Conselho de Segurança, hoje composto por Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China.

O presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, Antônio Celso Alves Pereira, conhece bem a experiência diplomática de Maria Luiza, pois foi seu professor no Instituto Rio Branco, na última turma do instituto no Rio antes da transferência para Brasília, no início dos anos 70.

“Ela é uma moça brilhante, sua carreira no Itamaraty é uma trajetória de competência, foi inclusive embaixadora do Brasil na ONU. Tem uma larga experiência da vida diplomática. É uma pessoa extremamente culta, muito gentil, educadíssima. Nasceu para essa atividade. Tenho certeza que o nosso secretário-geral vai ter uma assessora do mais alto nível na chefia do gabinete.Tenho muito orgulho dela não só como brasileiro e como ex-aluna, mas porque ela também é mineira como eu.”

Alves Pereira lembra que pouco antes da eleição do novo secretário-geral da ONU comentava-se muito que, pela primeira vez na história da organização, uma mulher poderia ocupar o cargo de secretário-geral.

“Falava-se muito nisso, mas a a escolha dele foi ótima. Ele é um diplomata brilhante, um homem extraordinário, já estava trabalhando na ONU há muitos anos, com uma experiência enorme da vida internacional.”

Maria Luiza Ribeiro Viotti (Foto: AP Photo/Reprodução Sputnik Brasil)

Diplomata passou infância em Capelinha

“Minhas lembranças de Capelinha são o quintal onde brincava, ao fundo do qual corria um ribeirão, e os deliciosos morangos cultivados com esmero por minha mãe num canteiro ao lado de nossa casa. Também me lembro da casa de meu avô, e, ao lado de sua loja, o Chalé Fin de Siècle”. Estas são palavras da embaixadora do Brasil na Alemanha, Maria Luiza Ribeiro Viotti, que cedeu entrevista ao Jornal Local em março de 2016. Ela é filha do ex-prefeito José Carlos Ribeiro, o Zezito, e hoje mora em Berlim. O avô citado por ela é o primeiro prefeito de Capelinha, Jacyntho José Ribeiro.

Entrevista

Qual é a participação do seu pai em sua inclinação para a vida diplomática? Foi meu pai quem despertou em mim o interesse pela carreira diplomática. Ele teve um colega que se tornara diplomata. Achava que seria uma boa opção para mim. Eu estudava Economia, gostava do curso, mas trabalhar como economista não me entusiasmava. Meu pai me incentivou a fazer o concurso para o Instituto Rio Branco. E estava certo: foi uma ótima decisão.

Desde quando a senhora assumiu o cargo de embaixadora do Brasil na Alemanha? Desde 2013. Antes de assumir a Embaixada em Berlim, fui Embaixadora do Brasil na ONU durante seis anos. Foi um período extremamente interessante, em que a participação do Brasil nas atividades da ONU, que já era muito intensa, ampliou-se ainda mais. Fomos eleitos para um mandato no Conselho de Segurança e participamos de negociações complexas sobre questões como o programa nuclear iraniano, os conflitos na Líbia e na Síria, a independência do Sudão do Sul, a crise humanitária no Chifre da África e a questão palestina, entre muitos outros.

Quais são as atribuições do seu cargo? O cargo implica em representar o Brasil e promover as relações entre Brasil e Alemanha nas mais diversas áreas. É uma tarefa gratificante, pois a agenda bilateral é muito positiva. Temos um comércio importante, que já chegou a 23 bilhões de dólares. Há grande presença de empresas alemãs no Brasil, mais de 1400, especialmente nos setores automobilístico, mecânico, químico e farmacêutico. Mantemos forte cooperação em educação, ciência e tecnologia. Mais de 6 mil alunos do programa Ciência sem Fronteiras estudaram na Alemanha. As universidades e instituições científicas dos dois países desenvolvem programas conjuntos. Contamos com essa cooperação para elevar o grau da competitividade da economia brasileira e para aumentar nossa capacidade de inovação. Também cooperamos intensamente em matéria de meio ambiente e energias renováveis.

Como a senhora avalia as relações entre Brasil e Alemanha? Há na Alemanha grande interesse pela cultura brasileira e uma disposição muito favorável em relação ao Brasil. Esse interesse se acentuou com a realização dos grandes eventos esportivos, que colocam o nosso país em maior evidência. Nesse contexto, conheci um estudante alemão que venceu um concurso realizado pelo jornal “Tagesspiegel”, com o apoio da Embaixada do Brasil em Berlim, para selecionar um grupo de jovens que farão a cobertura dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro para o jornal. Esse jovem, Milan Marcus, fez intercâmbio estudantil no Brasil, justamente em Capelinha! Disse-me ele que gostou muito da experiência e que deixou aí muitos amigos.

A senhora viveu a tenra infância (até os cinco anos) em Capelinha. Ainda tem lembranças daquela época? Costuma visitar a cidade? Minhas lembranças de Capelinha são o quintal onde brincava, ao fundo do qual corria um ribeirão, e os deliciosos morangos cultivados com esmero por minha mãe num canteiro ao lado de nossa casa. Também me lembro da casa de meu avô, e, ao lado de sua loja, o Chalé Fin de Siècle. Voltei à Capelinha algumas vezes, por ocasião de festas de família. Minha última visita foi em 1989, para acompanhar meu pai, homenageado por sua gestão como prefeito, distinguida como pioneira e progressista. Foi uma homenagem tocante, que reconheceu o valor do trabalho que ele realizou em prol do desenvolvimento da cidade.

(Fonte: Sputnik Brasil e Jornal Local)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui