Minas Gerais tem solo fértil para startups

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A terra do trem, do feijão-tropeiro e do pão de queijo também quer se tornar conhecida pelas startups. Esses empreendimentos, conceituados como empresas iniciantes de tecnologia, na prática são muito mais do que isso, e, em Minas Gerais, em especial em Belo Horizonte, parecem encontrar solo fértil para germinar e crescer exponencialmente, tal qual o pé de feijão das histórias infantis.

Para discutir os desafios para o crescimento dessas iniciativas, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promove o Fórum Técnico Startups em Minas – A Construção de uma Nova Política Pública.

A etapa final do evento será realizada entre os dias 23 e 25/11/16, mas já foram feitos encontros regionais em quatro cidades do interior do Estado: Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), Uberlândia (Triângulo Mineiro), Viçosa (Zona da Mata) e Montes Claros (Norte de Minas).

Pesquisa mundial feita pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), considerado o maior estudo unificado de atividade empreendedora no mundo, aponta que o Brasil está entre os países que mais empreendem no mundo.

São mais de 4 mil startups instaladas, sendo que em São Paulo localizam-se 31% do total das iniciativas brasileiras e 20 parques de tecnologia. Mas, se em Minas Gerais o ecossistema é menor, a coesão é fator de maior peso.

O Estado ocupa o 2º lugar no ranking, atualmente com mais de 350 startups. E San Pedro Valley, que fica em Belo Horizonte, ganhou por dois anos consecutivos o prêmio de melhor comunidade do setor no País pelo Spark Awards, maior premiação para empreendedores da América Latina, organizada pela Associação Brasileira de Startups, em parceria com a Microsoft Brasil.

A diretora-geral do Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed, ou semente, em inglês), Silvana de Araújo Marques Braga, aponta que o Estado destaca-se por ser um grande produtor de conhecimento, com várias universidades importantes. “Além disso, as reuniões acontecem de forma orgânica, com todos se ajudando e colaborando ativamente”, lembra.

Empreendedor e membro do San Pedro Valley, Matt Montenegro também destaca a harmonia e a sinergia entre os atores envolvidos no ecossistema mineiro. A San Pedro Valley, comunidade formada por mais de 200 startups de diversos setores, formou-se de maneira espontânea no bairro de mesmo nome (São Pedro) e é o principal ponto de encontro entre os empreendedores do Estado.

“Começou como uma brincadeira com o Vale do Silício e agora é uma rede de divulgação e encontros informais, sem representante, sem sede, nada formal”, conta Matt.

A rede resultou na criação de um site que possibilita aos empreendedores que cadastrem suas instituições e disponibiliza vagas de trabalho de integrantes do grupo.

Minas ocupa o 2º lugar no ranking nacional de startups, com mais de 350 empresas, e San Pedro Valley, em BH, foi considerada por dois anos a melhor comunidade do setor no País – Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

Apoio em diversos programas

Segundo previsão de Richard Foster e Sarah Kaplan no livro “Creative Destruction: Why companies that are built to last underperform the market” (em uma tradução livre, Destruição Criativa: Por que empresas que são construídas para durar decepcionam o mercado), em 2020, mais de 75% das 500 maiores empresas do ranking feito pela Standard & Poor’s Dow Jones, que publica análises e pesquisas sobre bolsas de valores e títulos, serão marcas que não conhecemos hoje.

Quem destaca essa intrigante previsão é o coordenador executivo do Lemonade, Aluir Dias. O Lemonade é uma iniciativa de pós-aceleração, que tem como objetivo ajudar essas organizações a serem bem-sucedidas em sua caminhada. “O programa faz parte do esforço para sanar o problema histórico que é a distância entre as pesquisas desenvolvidas na universidade e o mercado de consumo”, explica.

Mas nem sempre as melhores ideias estão nas faculdades. Para os empreendedores que não têm condições de tirar os seus sonhos do papel e não estão no meio acadêmico, também há esperança. Existem iniciativas nacionais, como o Startup Brasil. Em Belo Horizonte, conforme Aluir Dias, a melhor forma de começar é o Startup Weekend, que precede o Lemonade.

Durante o Startup Weekend, realizado pela última vez em agosto, os empreendedores têm a oportunidade de apresentar seus projetos a mentores de sucesso, e os três primeiros colocados vão automaticamente para a primeira fase do Lemonade.

No Lemonade, um mês depois do Startup Weekend, acontece a formatação das equipes, que precisam ser multidisciplinares. A partir daí, são cinco semanas em cursos de modelagem de negócios. Apenas 20 organizações seguem para a fase 2, após uma banca de avaliação.

Os empreendedores então passam a ser orientados nas áreas de técnicas operacionais de gestão e mercado, sendo que o encerramento do programa acontece no Demoday, no qual sete startups sobem ao palco, após sorteio, e as melhores recebem investimentos.

Seed – Outro programa de apoio aos empreendedores mineiros é o Seed, que também atende iniciativas nacionais ou estrangeiras, desde que desenvolvam projetos de negócio de base tecnológica em Minas Gerais.

Localizado no Espaço CentoeQuatro, no Centro da Capital, a iniciativa do Governo de Minas está em sua terceira rodada, atendendo atualmente 40 startups, já tendo contemplado 170 ao todo, desde 2013.

O processo de seleção é por meio de edital público e o programa possui três níveis de maturidade: validação de produto, de mercado e vendas.

“São feitas entrevistas e bancas com agentes de aceleração, o que resulta na montagem de um plano individualizado para cada startup. Ao final, todos têm de estar no mesmo nível. Na metade do programa acontece a banca de corte, na qual 10% das empresas participantes devem ser cortadas”, conta a diretora-geral do Seed, Silvana Braga.

Techmall – A aceleração pelo Seed pode acontecer no próprio Espaço CentoeQuatro ou dentro do Techmall, prédio no bairro Floresta que também recebe as instituições provenientes da pré-aceleração do Lemonade.

O processo consiste no aprimoramento dos produtos para venda, ou seja, na implantação da cadeia de desenvolvimento de negócios. Essa é a última etapa antes de a organização dar seus passos por conta própria no mercado e pode durar, incluindo a incubação, até um ano.

Conforme explica o CEO do Techmall, Vinícius Roman, dentre os diversos investidores podem ser destacados Sebrae, Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Fundepar, gestora de projetos de investimentos ligada à Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep-UFMG).

Sebrae – Em formato semelhante ao Startup Weekend, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizou, no final de setembro, a primeira edição do Sebrae Startup Day, que aconteceu simultaneamente em 48 cidades.

Os participantes puderam trocar experiências por meio de palestras, debates, encontros e hangouts, além de realizar atividades práticas (workshops, oficinas, treinamentos) e meetups, encontros com os principais atores do ecossistema para networking.

Biominas – Empreendedores mineiros têm diversas opções para tirar suas ideias do papel, mas para pesquisadores da área de negócios de impacto em ciências da vida, os programas de pré-aceleração, aceleração e incubação não são tão eficazes.

Por isso, a Biominas oferece orientação e infraestrutura mais adequadas a ideias com demandas diferenciadas, como foi o caso da Myleus, que realiza testes de DNA em alimentos com o objetivo de detectar fraudes alimentares.

“Fraude alimentar é quando o consumidor leva ‘gato por lebre’: consome um peixe que lhe dizem ser salmão, mas na verdade é outro peixe; queijo de cabra que tem leite de vaca; madeira de lei que na verdade é de má qualidade. Além da questão econômica, é preciso considerar também prejuízos à saúde, no caso de alergias, por exemplo”, ressalta a CEO da Myleus, Marcela Gonçalves Drummond.

(Fonte: ALMG)

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